quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

Serra do Rio do Rastro.

No início da década de 90 eu tinha uma turma de amigos e, seguidamente, íamos para a praia. Em um feriado de fim de ano daqueles tempos, os que pedalavam resolveram descer a Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina, de bicicleta.
Para lá fomos.
É uma descida de 12 Km, sinuosa, com curvas fechadíssimas e uma paisagem maravilhosa, conforme a imagem abaixo:


No caminho, na BR-101, encontramos um ciclista. Paramos os carros, o cara era australiano e estava pedalando desde a Patagônia, na Argentina, e pretendia percorrer a América do Sul toda de bicicleta. O meu amigo Beto, se comunicou com ele em um autêntico "embromation":




Chegamos ao alto da serra. 1.450m de altura, um visual deslumbrante e logo o pessoal começou a descer.
Eu, prudentemente, desci de carro...




Abaixo uma foto "da galera" em uma das curvas que possuem uma área de escape, sem ela seria impossível os ônibus e caminhões fazerem a curva.



Na parte final da descida, há um posto da Polícia Rodoviária Federal, fomos parados quando voltávamos para casa. Era proibido fazer o que fizemos, por razões óbvias de segurança. O policial pediu que, se quiséssemos repetir a dose, que solicitássemos por escrito a interrupção da estrada para não haver problemas.

Nós, no posto policial, eu sou o bem da direita, mandando uma "banana". Ao fundo da imagem a serra que acabamos de descer.


Com o passar do tempo a turma se separou, foi cada um para o seu lado, uns casaram, outros foram para o exterior e outros perdi o contato. Bons tempos aqueles. Saudade. Uma dose de aventura e de irresponsabilidade. Coisa de adolescente, no meu caso, uma adolescência meio tardia, rsrs.

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

Feitos de Silêncio e Sons.

Conciliar a herança educacional de duas famílias nem sempre é fácil.
A minha família tinha suas particularidades. Uma delas era a forma de se comunicar. Sempre singela e discreta, mas carregada de significado e significantes. Poucos assuntos eram tratados explícitamente com todas as letras, a comunicação cotidiana se dava de forma subliminar, subterrânea, ou implícita. Poucas palavras eram ditas. Mais valia um gesto, um olhar e, sobretudo, o silêncio, este falava muito mais que as palavras, tinha mais força que o som, por mais claro e eloqüente que fosse o som.
Esta característica familiar tinha algumas desvantagens. O significado de algum gesto, ou do silêncio, poderia ser mal interpretado e nem sempre esclarecido, perpetuando o mal entendido, ou então, poderia haver omissões, gerando, também, mal entendidos.
Hoje, eu vejo a palavra ser vilipendiada aqui em casa, ela está desvalorizada e vulgarizada pelo uso excessivo, mas o que mais me incomoda não é isto, é que o significado das palavras se vai com o seu uso abusivo. Uma pena. A palavra tinha tanto valor, o som delas me chamava a atenção, era solene e sempre importante. Hoje, o som entra por um ouvido e se perde na caixa craniana, reflete nos ossos, não encontra onde repercutir e se assentar junto com o seu valor e significado. Fica perdida num vácuo de idéias e simbolismo.
Nem o silêncio tem mais o seu ar solene e importante.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

O Menino e o Bom Velhinho.

Natal de 1970 - Eu, frente a frente com Papai Noel.


A minha relação com Papai Noel, enquanto criança, era a mesma de uma criança qualquer.
Me lembro bem da mitologia que cercava o Papai Noel. Ele era poderoso, um super herói, aparecia do nada uma vez por ano, trazia presentes que era o que eu mais queria e, depois, ia embora, com a mesma discrição com a qual viera.
Papai Noel representava o bem, o mal, o poder, o mistério, o simbólico, o mítico, o medo, o terror e etc. Nele eu projetava todas as minhas fantasias envolvendo o Bem e o Mal.
Penso que seja bom para todas as crianças, pelo menos em uma etapa do seu desenvolvimento, cultivar esta relação mágica com Papai Noel. Quando adulta, a criança precisará acreditar no impossível, no improvável, no mítico, para enfrentar a dureza da vida.
Sem a possibilidade do impossível que a fantasia do velho de barba branca proporciona quando criança, fica muito mais difícil se viver e encontrar esperança de dias melhores.

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Sem Bússola e Sem Sextante.

Este Natal será o primeiro que passarei sem a presença de meu pai e de minha mãe. Ela faleceu em 2001 e ele, em fevereiro deste ano, 2005.
Eu era mais ligado a minha mãe. A minha personalidade é muito parecida com a dela, o jeito de me portar, o de falar, o de pensar, o de gostar e o de me relacionar com as pessoas e com o mundo.
Do meu pai eu herdei o rosto, sou bem parecido com ele.
Ambos eram um ponto de referência para mim, mesmo quando adulto. Minha mãe era muito sábia e experiente, não que ela tivesse vivenciado tantas experiências assim na sua vida, mas possuía uma capacidade singular de observar o mundo à sua volta, aprender com o que via e interrelacionar tudo isso. Graças à convivência que tive com ela, absorvi os seus ensinamentos que, na maioria das vezes, não me eram passados de forma explícita, quase sempre de forma implícita e sutil, mas com força suficiente para que eu notasse e absorvesse o que ela queria me transmitir.
O meu pai foi pouco presente enquanto pai, foi mais um financiador, mas sempre senti que me amava, assim como a mãe, embora ele tivesse muita dificuldade para transmitir este amor.
Eu poderia ter tratado, ambos, melhor. Sinto que fui muito frio com eles, deveria ser mais afetuoso, mais compreenssivo, mais tolerante, menos impulsivo e menos exigente.
Hoje sinto muito a falta deles, eles eram o meu Norte. Sem eles, me sinto por vezes perdido, sem um paradigma, me sinto desamparado, abandonado, especialmente naqueles momentos em que a vida parece me dar as costas e me abandonar a minha própria sorte neste mar traiçoeiro que é viver.
O Natal é uma festa típicamente triste e este Natal será particularmente um pouco mais triste sem meus pais, mas a vida, ao mesmo tempo que tira, dá. Me deu filhos, lindos. Hoje vivo mais em função deles e do futuro deles, porém não esqueço o passado que serviu para me formar como pessoa e como homem e me permitiu ser o bom pai que sou, fundamental para o desenvolvimento dos filhos que tanto amo.
É muito ruim navegar neste mar sem um pai ou uma mãe, sem uma bússola ou um sextante que eles simbolizavam, só com o senso de orientação nato que tenho e que nem sempre é suficiente para me levar a um porto seguro, longe das armadilhas que existem em cada um dos infinitos mares que compõem a Vida.

Um bom Natal para você. Muita felicidade, saúde e Paz, a você e a todos que você ama.

domingo, 18 de dezembro de 2005

O Meu Farol.

Em um domingo perdido no tempo, quando ainda era adolescente, me deparei com um texto muito bonito e sábio publicado no jornal local. Recortei e guardei. Desde então, sempre que meu espírito está perdido, sufocado, oprimido, ferido, abatido, triste ou desanimado, busco ler o recorte do jornal que tenho guardado.
Assim como existe o farol que guia o navegador à noite, o texto do recorte guia o meu espírito quando ele navega em águas turbulentas, desconhecidas ou inimigas.
Além de guiar, ele reforça e alimenta meu espírito, e acredito que todas as pessoas podem se beneficiar com suas sábias palavras:

"No meio da precipitação urbana lembre-se de que a paz talvez se encontre no silêncio.
Faça um esforço honesto e continuado para se dar bem com todos.
Fale a verdade claramente, mas com brandura e ouça os outros, mesmo os ignorantes e sem brilho: eles terão igualmente as suas estórias para contar.
Evite as pessoas agressivas, que falam alto, pois trazem constrangimento ao espírito.
Se você se comparar aos demais poderá se tornar vaidoso, ou amargo, pois existirão sempre os que estão pior ou melhor que você na vida.
Saiba apreciar suas próprias realizações, seus planos.
Tome gosto pela sua carreira, por mais humilde que ela seja, é o único bem verdadeiramente seu.
Trate seus negócios com muito cuidado pois o mundo está cheio de espertos, mas não endureça seu coração e saiba descobrir o lado bom das pessoas.
Ainda há idealistas neste mundo e por toda parte encontramos atos de heroísmos; seja você mesmo sobretudo, não finja amizade e nem ponha cinismo no amor pois apesar de tudo o que se diz por aí, o amor é eterno. Aceite com doçura o conselho dos anos e saiba renunciar aos hábitos próprios da juventude. Mantenha o espírito galvanizado para agüentar as surpresas da vida, mas não se aflija com imaginações.
O Medo nasce do cansaço e da solidão.
Acima de qualquer autodisciplina, seja generoso com você mesmo, afinal você é filho do universo tanto quanto as árvores e as estrelas e tem todo direito de estar aqui e, embora isso não lhe pareça muito claro, o certo é que o velho universo está se desdobrando por sua causa. Portanto, esteja em paz com Deus ou então com o que você chama de Deus, e, por mais agitadas e extenuantes que sejam as suas atividades neste planeta, entre barulhentas confusões e aspirações de vida, procure conservar a paz de espírito porque apesar de tudo o que anda acontecendo por aí fora, este mundo ainda é ótimo. Você só precisa ter cuidado e fazer seu esforço diário para ser feliz."

(Mensagem encontrada numa igreja de Baltimore, Inglaterra, em 1962, datada do séc.XVII, de autor desconhecido).

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Divino Amigo.

Um amigo de adolescência. Daqueles de ir ao cinema junto, trocar confidências, gravar fitas cassete (alguém lembra o que era?). Desses que a vida leva à uma distância por vezes oceânica e, por vezes, milimétrica tal qual uma mosca que às vezes pousa na nossa pele e às vezes voa distante. Pois ele esteve aqui em casa, ontem. Abraços, aperto de mão, apenas, mas, insubstituívelmente, bons amigos, mas amigos mesmo, não daqueles que se dizem amigos, mas daqueles que são amigos.
Conversa jogada no sofá, entre DVD's, CD's de música, memórias RAM bioquímicas de um HD que está acima de qualquer órgão na cabeça da gente.
Boa conversa, esclarecedora, saudosa e simples, sim, porque se fosse uma conversa complexa deixaria de dar prazer, tem que ser simples. Hoje, ele atende a um chamado Dele, uma iluminação que recebeu, tardiamente, porque só agora estaria preparado para servi-lo.
Mais um ano de curso superior, depois mais quatro de outro curso superior e fará a prova da batina para vesti-la. Eu estarei lá, como uma mosca, aquela que por vezes está pousada na pele, por vezes voa distante e, por vezes, some, não que ela tenha desaparecido, mas que volta para a sua toca, no fundo do coração, se preparando para voar de novo, assim que o sentimento mandar e a cabeça obedecer.
Precisa ter coragem para tomar esta decisão, nem que seja impulsionada pela Luz Divina.
Felicidade, amigo.

sábado, 10 de dezembro de 2005

A Janela do Desejo.

Madrugada
O quarto escuro
Janelas abertas
O brilho das estrelas iluminam a pele dela
A última peça de roupa sai de seu corpo
Entro na atmosfera mágica e misteriosa que ela cria ao seu redor
O tempo se distorce tentando se adaptar ao espaço dela
Como a cortina se contorce maliciosamente flertando com a mão boba do vento que entra pela janela

As estrelas projetam a sombra dela na minha alma e iluminam o meu desejo
Meu coração responde ao ritmo que ela dá ao Universo
E o Universo pergunta o que ela deseja

A madrugada cruza rumo ao Sol
A Lua indica o meu caminho
O olhar dela me faz perder o rumo
As estrelas sinalizam o meu desejo

O primeiro raio de Sol apaga a magia
Ilumina a saudade
Subjuga o desejo
E remete ao passado

Ela não está mais aqui
O passado chegou
O futuro se foi.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

A Árvore de Natal.

Aqui em casa mantemos a tradição de montar a Árvore de Natal todos os anos, nesta época.
Eu lembro, quando pequeno, da minha mãe montando a árvore. Ela não deixava eu pegar as bolinhas com medo que eu as quebrasse e quanto mais proibido era, mais eu me sentia tentado a pegá-las.
O tempo passou, a mãe faleceu e desde a sua morte era eu quem montava a árvore todos os anos. Mas isto está mudando e a tradição está passando adiante. Agora minha filha de 9 anos assumiu a montagem, este ano ela montou pela primeira vez e a árvore ficou linda! Duas bolas de enfeite da árvore ainda são do tempo em que eu era criança e têm, ambas, seguramente, 40 anos de idade, são as duas maiores e mais bonitas bolas e eu as cuido com muito carinho porque a árvore é relativamente recente, tem uns 4 anos, mas essas duas bolinhas não, e elas lembram um pouco a minha mãe, a minha infância e toda pureza que o Natal tem na mente das crianças, mesmo que associado a presentes e ao apelo comercial da data.
O presépio, que fica abaixo da árvore, também tem a idade das bolinhas, alguns personagens que o compõe já se quebraram pois o material ressecou e ficou frágil com o passar dos anos, mas nada que um pouco de Araldite® não cole, cola essa que não precisa ser usada na minha mente porque é bem viva, nela, o Espírito do Natal e a presença agregadora e doce da minha querida mãe unindo a família e espalhando amor por toda ela.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida.

Lembro-me da última vez que me apaixonei, faz algum tempo, mas não tempo suficiente para esquecer a sensação maravilhosa que é me apaixonar, de deslizar pelo mundo como se estivesse em um tapete voador, de achar que tudo está bem mesmo quando o mundo caía a minha volta, de reagir com bom humor às péssimas notícias, de deitar na cama e viajar no prazer que dava relembrar dela, de rir sozinho fazendo os outros pensarem que eu era louco, de ouvir aquela música no PC que lembrava ela e repetir, repetir e repetir até furar o HD, de ficar com as pernas tremendo de ansiedade minutos antes do encontro com ela e de tentar arrumar o cabelo que insistia em ficar em outra posição. Ah! Que sensação maravilhosa, de suspiros inexplicáveis que a cada vez que ocorriam eram como se fossem pequenos orgasmos respiratórios...
Pois agora leio no site da BBCBrasil uma reportagem que diz, resumidamente, o seguinte: "Apaixonar-se tem um efeito semelhante ao provocado por drogas que viciam, de acordo com um estudo realizado pela Universidade Estadual da Flórida e publicado na revista Nature Neuroscience."
E vicia, vicia mesmo, um vício que é delicioso e que a cada dia tenho mais saudade, como tenho saudade de sentar à beira de um rio e observar as águas formando sempre redemoinhos, mas nunca um redemoinho igual ao outro, como as paixões, aquelas transgressoras e inovadoras, sempre maravilhosas, mas deliciosamente diferentes, uma da outra.

domingo, 4 de dezembro de 2005

Eu e os Blogs.

Quando conheci os blogs tive uma primeira impressão ruim, não pelo conteúdo deles que naquela época era mais voltado para a intimidade que hoje, mas porque eu pesquisava no Google uma palavra, ou expressão pouco comum, e acabava em um blog onde a informação não tem nenhum compromisso com a verdade, cada blogueiro escreve o que bem entende sem se preocupar com a repercussão que terá, e eu ficava sem poder acreditar nas informações que lia.
Passado algum tempo, em 2002, eu conheci o blog Querido Leitor da Rosana Hermann. Gostei do blog dela, passei a participar fazendo comentários e logo fiz amizades virtuais com outros comentaristas do blog. Uma das amigas que lá fiz conheci pessoalmente quando ela passou pela minha cidade em 2004. Outras amigas que se conheceram no mesmo local até hoje se encontram, freqüentemente, apesar de morarem em cidades distantes ou no exterior. A amizade delas é bem sólida e é um prazer acompanhar os encontros delas que se realizam em uma cidade ou outra.
Li muitos blogs dos amigos que fiz e nunca me deu vontade de ter um blog e escrever nele como me deu agora.
Eu entendo que um blog se assemelha a uma pessoa, tem o seu tempo de nascer, se desenvolver e de morrer. Vai chegar um dia em que não haverá mais sentido em escrever neste blog e ele morrerá, enquanto isso, aproveitarei o tempo que ele está vivo, para expressar em forma de palavras os meus desejos e necessidades que nem sempre são claros e que muitas vezes são desejos de outra ordem que se sublimam na forma de palavras.
Escrever aqui é mais ou menos como transar comigo mesmo, onde as palavras são a mão e o ato de ler, o clímax.

Palavras & Gestos.

Quando a pessoa é mais sincera? Quando ela afirma ou quando ela demonstra? Serei mais claro: é comum me deparar com uma pessoa que faz afirmações de qualquer ordem: gosta disso, não gosta daquilo e etc.
Observando com mais atenção e proximidade eu vejo que nem sempre o que a pessoa diz concorda com o que ela faz. Há uma dissociação da boca com as mãos, uma parece não pertencer à mesma pessoa que a outra. Isto me confunde, me faz parar para pensar e buscar um terreno mais firme para me apoiar no relacionamento com essa pessoa, fico desconfiado das reais intenções dela e passo a não confiar tanto quanto confiava.
Nem sempre a pessoa faz por mal. Muitas pessoas se sentem mais à vontade para falar do que para agir, outras, preferem a ação à palavra, porque a palavra precisa ser dita na frente do outro e o gesto não, ele pode ser feito em um momento e percebido pelo outro em outro momento quando o agente da ação já não está mais presente, o que evita um possível constrangimento.
Eu prefiro, sempre, aquelas pessoas que são coerentes, que agem de acordo com a sua palavra, se não tenho ao meu lado uma pessoa assim, pelo menos que seja uma pessoa que aja de acordo com o que pensa porque a palavra é muito mais fácil de ser manipulada que o gesto, este último, mais cedo, ou mais tarde, denuncia o que a pessoa pensa, ou sente, não pode ser manipulado com tanta facilidade como a palavra, enquanto que a palavra pode ser dita da boca para fora a qualquer momento e sempre.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

Dezembro.

Dezembro é o mês que mais me remete à infância, mês de início das férias de verão, as maiores do ano, mês do Natal, da expectativa de receber presentes, mês onde o calor se instalava definitivamente, mês de ótimas recordações: de uma infância bonita, cheia de vida, de energia, mas, também, de uma infância não tão agradável, da sensação de ser pequeno e dos adultos me oprimirem com as suas idéias e argumentações imbatíveis, onde havia incerteza do que era ser adulto e do que a vida me reservava para o futuro.
Dezembro era o mês de sair à rua, de brincar o dia todo fora de casa, de jogar bola, bolinhas de gude, brincar de pegar e de polícia e ladrão. Quando eu tinha seis ou sete anos, eu queria completar logo oito anos de idade. Gostava do número 8, par, com duas bolinhas, uma sobre a outra. Depois que completei oito anos, me decepcionei um pouco, pensava que seria maior, mais alto, mais forte, mas não mudei nada, continuei o mesmo menino em um corpo de criança... Nunca mais desejei ter idade alguma, os oito anos foram o meu último desejo de ter uma idade. Hoje, um ano passa com uma velocidade aparente muito maior do que quando eu tinha oito anos, naquela época um ano era uma eternidade e nada do que era dito naquele momento valeria para o ano seguinte.
Em Dezembro se resolvia se eu passava ou não de ano no colégio, sempre uma aflição por que eu nunca fui um bom aluno, não gostava de estudar e passava raspando todo ano, até que rodei em matemática no 2° do II Grau. Depois me ajeitei, passei a estudar. Um pouco, não muito.
Dezembro é um mês que me traz ótimas recordações, um bom momento para começar a escrever neste blog, me sinto com a mesma opressão e incerteza do menino de oito anos, agora transposta para um monitor. Emoção transformada em bits e bytes, frases comandadas pelo mesmo coração de menino esperançoso de oito anos de idade.
Dois bits de carinho no seu coração.

Por que criar um blog e escrever nele?

Decidi criar este blog, mas não tenho claro a resposta para esta questão. Senti vontade de escrever e publicar o que sinto e o que penso a respeito de tudo o que me cerca.
Ainda não decidi de que forma vou administrar este blog, os assuntos sobre os quais escreverei, se terá espaço para comentários, qual a periodicidade dos posts ou se vai durar muito tempo, o certo é que não quero publicidade para ele, coloquei uma tag no template do blog para que ele não seja incluído nos mecanismos de buscas. Também não sei a quem vou divulgar este blog, provavelmente, seja divulgado apenas para as pessoas mais íntimas, aquelas que tem alguma afinidade comigo, que compreenderiam o que escrevo e que têm alguma paciência para ler.
O blog reflete uma necessidade minha neste momento que pode se modificar ao longo do tempo. É como uma garrafa que um náufrago lança ao mar com uma mensagem escrita dentro, o blog navegará ao sabor das ondas da Internet e das correntes marinhas, carregando uma mensagem que pode ser lida por alguém ou ficar errando, sem destino, num oceano de águas, por vezes calmas, por vezes agitadas, e, eventualmente, em um mar turbulento.
Obrigado por acessar o blog. Que a leitura dele traga para você alguns momentos de distração, prazer e reflexão.