domingo, 24 de dezembro de 2006

Formatura.

Na semana que passou meu filho se formou na Oitava Série do Ensino Fundamental, foi uma cerimônia simples.
Durante toda a semana, e no dia, eu revivi a minha formatura e um pouco do que eu sentia quando tinha quatorze anos, minhas dificuldades existenciais, meus sonhos, minha visão de mundo de um cara que estava entrando na adolescência com o turbilhão de idéias que há na cabeça de um jovem.
Eu sinto meu filho melhor que eu quando eu tinha a idade dele, mais solto, aproveitando melhor a vida, não muito, porque parte do meu jeito ele herdou, que o faz um rapaz quieto. Ainda assim, sinto que ele tem mais desenvoltura para encarar a vida e suas dificuldades. Que bom que seja assim, pois me lembro das dificuldades que passei para me tornar adulto e não quero que ele passe pelas mesmas, embora sejam, em parte, necessárias para ultrapassar a fase de criança e chegar a ser adulto.
No final da cerimônia dei um abraço nele, longo o suficiente para lembrar do meu passado, mas curto o suficiente para que as lágrimas ficassem dentro dos olhos.

sábado, 16 de dezembro de 2006

Feliz 2006.

Um post atrasado, não errei o título, mas só agora pude me sentir feliz como há muito tempo não me sentia.
2006 começou mal, no primeiro dia útil um mau presságio: fui fazer uma visita de negócios, não deu nada certo e nem dinheiro fiquei para voltar de ônibus, sinal de que não seria um ano fácil, e não foi. Desde o primeiro dia de 2006 a minha situação financeira e existencial só piorou, em Julho procurei um amigo para tentar um emprego, em Agosto atingi o pior momento do ano, falta de grana, desentendimentos em casa, um inferno. Em Setembro a boa notícia do ano: o amigo que eu havia procurado me ofereceu emprego, assim que comecei a trabalhar pude recuperar a minha felicidade, não toda porque ainda falta um tanto, recuperei a minha auto estima, pude pagar as contas em dia, renegociar as contas maiores que estavam atrasadas e acertar os ponteiros de minha vida afetiva e familiar.
Um ano que começou no fim, que vou lembrar pela sua dureza e, também, pela felicidade de ter me recuperado como pessoa.

Tempo Triste.

Eu mudei a forma pela qual eu via o Natal, quando criança eu o via como toda criança vê: uma oportunidade de ganhar presentes, morrer de medo do Papai Noel e comer comidas "exóticas", depois, o Natal mudou o seu significado e simbolismo para mim, percebi o sentido dele e, aos poucos, fui cedendo à emoção da data, é um momento de reflexão onde eu me torno mais sensível, reflexivo e saudoso.
Sinto falta da minha mãe mais do que durante o ano todo. Nos Natais em que ela era viva não fazíamos grandes festas, passávamos em família, nós quatro, sem grandes comemorações, mas era um momento silenciosamente emotivo, na minha família muito era comunicado sem palavras e gestos, era algo que ficava "no ar" e eu captava tudo, ela foi a referência de pessoa, de mundo e de vida, para mim, e se sou uma pessoa, hoje, o sou graças a ela. É o momento do ano em que eu fico mais triste, uma tristeza silenciosa, assim como era a nossa comunicação entre família: silenciosa, delicada, profunda e... saudosa.
Te amo, mãe, esteja onde estiveres.

Boa De Bola.

No mês passado, minha filha estava jogando bola no recreio do colégio público onde ela estuda quando um "olheiro", professor de Educação Física, a viu jogando e gostou do futebol dela, a procurou e a ofereceu uma bolsa de estudos em um colégio particular, caso ela participasse da escolinha de futebol desse colégio.
Ela conversou conosco, aprovamos inicialmente a idéia e conversamos com o Prof° que fez a proposta, em outro dia ele compareceu à escola da minha filha, fez um teste com ela e foi aprovada! Ganhou a bolsa, agora vai estudar, novamente, em uma escola particular conhecida de nós e mais próxima de nossa casa.
Ela ficou muito feliz, deverá treinar duas tardes por semana e realizar viagens, gratuitas, com a escolinha de futebol. É um presentão de Natal para ela que gosta de jogar bola desde pequenininha e nós estamos todos felizes por ela estar feliz, estudando em uma escola de qualidade e fazendo o que mais gosta: jogar futebol.
Mais um pouco virarei empresário e vou oferecê-la a um dirigente de um grande clube europeu!

sábado, 4 de novembro de 2006

A Hora de Parkinson.

Não sei bem porque, mas sempre que estou no balcão gosto de atender pessoas idosas, hoje entrou um senhor, de idade avançada, caminhar rápido, mas instável, veio com uma sacolinha de uma famosa rede de lojas de CD's da cidade, retirou de dentro da sacolinha dois relógios de cabeceira, pequenos, se desculpou pela tremedeira nas mãos por causa do Mal de Parkinson, me pediu para trocar as pilhas e ajustar para o Horário Brasileiro de Verão que começa amanhã, à zero hora, porque as mãos trêmulas impediam-no de trocar as pilhas e ajustar a hora. Rapidamente minha cabeça e coração puseram-se a funcionar: um senhor idoso, bem vestido, que provavelmente morava sozinho, com dificuldade para manusear objetos, mau hálito, já que não podia segurar firmemente uma escova de dentes. Aos poucos fui tomado por uma emoção sem explicação, uma sensação que começou vaga e foi crescendo dentro de mim, não sei por quê, mas o senhor idoso e sua realidade me tocaram profundamente, fiquei com vontade de chorar e por pouco não chorei ali mesmo, no balcão, depois de atendê-lo.
De vez em quando me pego emocionado como hoje, do nada, ou melhor, do tudo, não sei se fantasiei demais sobre a vida daquele senhor, mas sou muito intuitivo, raramente erro, e a minha alma sentiu o lado humano e puro daquele senhor. Que atividades ele desenvolveu ao longo da vida? Que emprego teve? Teria filhos? Moraria sozinho, mesmo? Que CD's vieram dentro daquela sacolinha?
Ele se foi, com ele as respostas para estas questões, mas a emoção, minha, ficou, tomara um dia poder revê-lo, talvez eu possa fazer uma dessas perguntas a ele, nem que seja em Fevereiro, quando o Horário Brasileiro de Verão acabar. De repente lembrei de meus pais, falecidos, me tomo por uma culpa por não ter feito mais por eles enquanto vivos e velhinhos, minha mente sabe que fiz o que pude e mais um pouco por eles, mas sempre me cobro ter feito mais, sentimento de culpa insaciável e incansável. Será que aquele velhinho representou meus pais e o meu sentimento para com eles? Vou ter todo o Horário de Verão para pensar sobre isso.

sábado, 28 de outubro de 2006

Paitio.

Dia desses um amigo se tornou pai. Conversando com ele eu falava da necessidade do homem ser, verdadeiramente, um pai ao lado do seu filho e não um "tio" como muitos pais são: mal participam do desenvolvimento do seu filho durante a semana, a pretexto de estarem cansados, só saem e brincam com os filhos no final de semana quando batem uma bolinha com eles na pracinha ou vão ao shopping passear.
Felizmente tive a oportunidade de ser um pai completo para meus filhos, desde que nasceram eu faço tudo por eles e com eles, quando nenês trocava fralda, fazia e dava mamadeira, colocava para dormir, dava banho, escolhia e trocava de roupa, levava à pediatra, para vacinar, cortava as unhas, acordava de madrugada para ver se estavam bem pois a esposa tem um sono pesado, media a febre e medicava durante a madrugada, entre outras diversas atividades que me aproximam dos meus filhos de modo a eu ser, provavelmente, a pessoa que os melhor conheça.
Fiz tudo isso porque sou assim, entendo que ser pai é vivenciar cada momento do seu filho sem frescuras, não que a minha esposa fosse ausente ou omissa, eu é que abri meu espaço ao lado dela nos cuidados aos filhos participando ativamente do dia a dia deles desde o nascimento.
Por tudo isso me sinto um pai responsável e participante da vida de meus filhos, ciente de que dei, até hoje, o que pude para contribuir com o crescimento deles, o que reforça o amor que sinto por eles e, provavelmente, o amor que sentem por mim.

domingo, 22 de outubro de 2006

Quatro e Um.

Cheguei a um ponto em minha vida que o futuro e o passado estão equilibrados nos meus pensamentos, antes, eu pensava mais no futuro, o meu passado era pouco significativo, não tinha muitas histórias para relembrar e o futuro era mais questionador para mim. Agora, mudou, há um equilíbrio entre os dois tempos.
Me pego pensando no passado, freqüentemente, relembrando histórias boas, outras ruins e algumas hilárias de dar gargalhadas. Às vezes penso naqueles que não estão mais aqui, mas que me foram importantes, ou em outros que passaram pela minha vida e deixaram marcas saudosas, de certa forma já tenho uma razoável bagagem e, por vezes, ajudo quem é mais jovem a ver a vida e o mundo de uma forma um pouco diferente, com um viés mais experiente.
Quando me olho no espelho vejo algumas rugas, não tanto quanto outras pessoas da minha idade, talvez as rugas não sejam muitas em meu rosto porque levo a vida de um jeito leve, encaro-a positivamente e costumo me relacionar com o lado bom das pessoas, o que deve ter me levado a pouco desgaste interno ao longo destes anos.
Me sinto equilibrado nesta época da minha vida, menos ansioso e impetuoso como era na juventude, mais sereno, confiante e ciente de onde estou no mundo e na vida daqueles que de mim gostam e que eu também gosto. Finalmente, uma época onde posso curtir a vida sem pensamentos e cobranças internas desgastantes. Mas estas vantagens acima tiveram um preço, fisicamente não sou mais o que eu era, na hora de ver algo pequeno bate a "Síndrome do Braço Curto" e tenho que afastar o objeto dos olhos, alguns cabelos brancos apareceram e, também, me sinto cansado ao final da noite, coisas que antes não aconteciam, um preço justo que o tempo cobra e que tenho prazer em pagar.

sábado, 21 de outubro de 2006

Eu, Filosofia & Religião.

Na minha juventude eu sentia necessidade de ler, aprender e debater sobre filosofia, religião e outros assuntos abstratos. Lembro de, na faculdade, puxar conversa com professores destas áreas, ler na biblioteca sobre esses assuntos e trocar muita idéia com os amigos mais próximos, era uma fome que eu precisava saciar. Com o pouco que li e conversei formei os meus conceitos sobre os dois assuntos que permanecem comigo até hoje.
Sobre religião: fui batizado na Igreja Católica e fiz a Primeira Comunhão, meu colégio era católico e a faculade, também, tive formação católica durante todo o meu período letivo, porém, como nunca freqüentei a Igreja, não posso ser chamado de católico só porque cumpri com esses dois rituais e freqüentei essas escolas. Tenho a minha própria forma de acreditar e entender a religião, não gosto da parte da religião que é feita e mantida pelos homens, que diz o que pensar, como se comportar, como se vestir e, sim, daquela parte mítica, sábia e engrandecedora do espírito que está escrita nos livros e permeia os espíritos mais evoluídos, para mim essa é a verdadeira religião por ser um contato direto com o Absoluto.
Sobre filosofia: comecei a formar meu substrato filosófico desde cedo, vendo, observando e comparando as diferentes filosofias que tive contato nos livros e através das grandes pessoas que passaram pela minha vida. Acredito em conceitos e valores como Vida, Amor, Liberdade, Igualdade, Livre Arbítrio, Responsabilidade entre outros. Interessante observar que à medida que eu envelhecia a fome por assuntos abstratos como religião e filosofia diminuía, hoje, não sinto nenhuma necessidade de pensar e discutir esses assuntos, é como se a lacuna que existia em mim tivesse sido preenchida com o que eu apreendi e me dou por satisfeito com as respostas que obtive, sei que muitas destas respostas não são definitivas e algumas delas são provocadoras de outras perguntas, mas, por enquanto, está bom, até que haja uma mudança significativa na minha vida que me faça rever os conceitos que tenho sobre filosofia e religião.

sábado, 14 de outubro de 2006

Na Cama, Onde Se Come A Carne.

Estava sentado à minha mesa de trabalho quando ela se aproximou com um documento à mão para me pedir uma explicação, ao chegar perto de mim ela se inclinou, tocou o seu seio no meu ombro e o deixou ali, enquanto conversava...
Por causa do toque minha visão e audição imediatamente distorceram, minimizaram e, por fim, pifaram, apesar das minhas tentativas de fazê-las voltarem a funcionar e restabelecerem o contato com a realidade.
Eu estava refém de um seio, grande, macio e quente como uma brasa que queimava meu braço e avermelhava meu rosto, me deixava incomunicável e cego. As tentativas corporais de enrijecimento da atenção não deram em nada, pelo visto funcionaram, mas em outra parte do meu corpo que não no cérebro, e o seio continuava, maliciosamente, a ser esfregado no meu ombro como que comandado pelo sorriso enigmático de sua dona.
Como eu não enxergava o documento e nem ouvia mais nada que ela dizia, me rendi ao surto erótico que fui tomado e desisti de contatar a realidade, me entreguei, lânguidamente, aquele toque erótico que me colocava em nuvens de desejos calientes.
Desperta o rádio relógio ao som de "Moonlight Serenade", o mostrador dele, um carrasco de personalidade sádica aponta 5h e 45min da manhã.
Eu desperto com a sensação de que será um dia de trabalho interessante, principalmente quando eu não puder mais contatar com a realidade...

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

A Fada Das Lágrimas.

Período do futuro da Humanidade, toda a civilização da Terra sofre transformações culturais, sociais e antropológicas profundas. Experimenta uma invasão maçica da tecnologia que se intromete no dia-a-dia das pessoas, nos seus lares, locais de trabalho, escolas, na rua, nas estradas, no campo, trazendo para elas a frieza e a superficialidade nas relações humanas, o imediatismo para a realização de todos os desejos, o amor interesseiro e fugaz, a ditadura do dinheiro que reveste o rico de valor sobre humano e faz do pobre não humano.
O Homem se coisifica e as máquinas se humanizam, tomando o lugar do ser humano em qualquer tarefa que possa acarretar um mínimo de sofrimento físico ou psicológico.
O Homem não sofre mais, não experimenta emoções extremas, prefere o comodismo do não sentir a ter que vivenciar as emoções ancestrais que nesse novo tempo não têm mais lugar pois são consideradas um fardo por que atrapalham o espírito hedonista da nova sociedade. Por conta disso os Homens começaram a parar de chorar, já que o sofrimento físico ou psicológico era minimizado ou inexistente, o choro ficara reservado às crianças por causa do instinto, mas que logo que cresciam eram desestimuladas a chorar, também pudera, todos os seus desejos eram saciados fosse de uma forma real ou virtual. Até que os seres humanos não chorassem mais, desaprenderam, pois não mais se sentiam tristes ou saudosos ou dolorosos em sua alma.
A Terra ficou mais triste, apesar dos Homens viverem alegres em sua sociedade artificialmente feliz, pelo menos a Terra podia chorar através da chuva. O Homem não. Foi quando deu-se a transformação.
O Espírito Humano que habitava a Terra desde que o homem surgiu estava agonizando, prestes a ser extinto, sufocado pelo Espírito Hedonista que reinava na Terra. Este Espírito Humano, secular, agrupou suas últimas forças e criou a Fada Das Lágrimas, um ser feminino, de roupas vaporizadas, hora transparentes, hora translúcidas, que vivia em nuvens brancas, pequenas e exaustas depois de dias de tanto derramar sobre a Terra em forma de chuva o choro do Espírito Humano.
A Fada descia para a superfície da Terra para ensinar os homens a chorar, ela aparecia do nada, não importava onde a pessoa estivesse, e nas horas mais inesperadas, no lar, no trabalho, na escola, onde quer que fosse, quem tivesse a sorte de receber uma visita da fada logo percebia a presença dela, sentia-se no ar um aroma de terra molhada pela chuva, logo depois tinha a sua mente invadida pela lembrança de todas as pessoas que se desdobraram para que ela tivesse nascido e que se sacrificaram para ela estar viva ali.
Em um instante seus olhos refletiam o azul do céu e se formava, na superfície dos olhos, pequenas e imperceptíveis nuvens brancas que condensavam e faziam verter lágrimas feitas de pura água que escorriam pela face dos homens em forma de gotas refletindo o céu azul, o mesmo céu que os olhos refletiam.

quinta-feira, 20 de julho de 2006

Dia Do Amigo.

Hoje, 20/07 é o Dia do Amigo.
Eu queria homenagear a todos os meus amigos, aqueles que me aturam, que me orientam, que me dão esporro, que dedicam o seu tempo a mim, que me emprestam seu amor, pelo menos por momentos para que eu me sinta mais amado e querido, que atendem meus telefonemas e às minhas chamadas no MSN por vezes impertinentes, que me dão conselhos que nem sempre consigo seguir, mas que sempre são ditos com a melhor das intenções.
Queria me desculpar por nem sempre ser o amigo que eles precisam, por ser humano e errar na amizade, e erro com eles - já errei muitas vezes - e já acertei tantas outras...
Queria dizer que amizade é, pra mim, uma forma de amor e por isso amo meus amigos.
Obrigado por tudo, amigo, você mora no meu coração, embora você não possa ver o seu lugar nele, espero que possa, pelo menos, senti-lo.


"...Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito,
mesmo que o tempo e a distância digam não..." (Milton e Fernando Brant)

sábado, 24 de junho de 2006

Inana.

Onde estás? Não estás onde eu deixei, não estás onde deveria estar, onde estás? Cadê?
Tinha que estar aqui, agora, do meu lado, bem perto, para eu poder ver, ouvir, tocar, para eu poder me perder e me achar, para eu saber qual é o sentido disso tudo e do nada, do vazio e do cheio.
Onde está o caminho que você me apontou? Onde estão as setas que diziam: "É por ali"? Onde estão as mensagens que me transportavam para uma outra dimensão que o mundo não entendia e que eu não queria entender? Onde estão as palavras que agora somem? E os sons que emudecem?
Onde está você?
Onde estão as chaves que abriam a minha Alma e que foram jogadas fora depois de tudo?
Para onde vão as almas depois que são usadas? Quem cuida delas? Será que vão cuidar tão bem da minha quanto você cuidava?
Onde está você? Meu anjo?


(Inana: Deusa sumeriana dos primórdios da civilização, considerada a deusa do amor e da guerra, traz atributos luminosos como a ousadia, coragem, sedução, esperteza, confiança, sensualidade, sexualidade e fertilidade.)

domingo, 14 de maio de 2006

O Irmão de Eva.

Estou escrevendo atrasado sobre esse assunto chato que é a crise com a Bolívia. Tão atrasado quanto o pensamento do Presidente da Bolívia.
O mundo está de tal forma interligado e interdependente que vale para os países aquilo que vale para as pessoas: ninguém é uma ilha e uns precisam dos outros, eu preciso de você, nobre leitor, que é meu amigo, me ajuda, alimenta a minha alma e me faz feliz cada vez que vem aqui, e você precisa também de mim, da minha amizade e do meu carinho. Mais ou menos isso ocorre com os países, uns precisam dos outros, trocando alimentos, mercadorias, tecnologia e etc.
A atitude do Presidente Evo Morales nada mais é que um passo atrás nessa nova forma de se relacionar entre países. A Bolívia precisa de investimentos internacionais para construir o seu desenvolvimento. Que países e empresas terão segurança e quererão investir na Bolívia de Evo? Não estou dizendo que ele deveria entregar seus recursos minerais a qualquer um, digo que ele deveria valorizá-los, respeitando aqueles que, como nós, investimos lá justamente porque eles não tem condições de investir na extração, não dispõe de tecnologia e precisam do investimento internacional.
Na minha opinião, essa manobra popularesca dele nada mais é que jogar verde para colher, logo adiante - maduro - alguma vantagem, porque, convenhamos, a Bolívia não tem nenhuma expressão politica e econômica na AL e precisa dar uma chacoalhada para que tenha reconhecido seu valor. Mas para que o plano dê certo a Bolívia tem que ceder depois de atirar tão alto como está atirando, se mantiver essa política acabará criando muitos problemas para a sua população que, em última instância, será o maior perdedor com o afastamento dos investimentos internacionais e as possíveis retaliações políticas e comerciais advindas dessa política atual.
Por outro lado o Barsil, novamente, demonstra sua omissão completa em política internacional. Nunca nos posicionamos sobre questões mundiais, a última vez que lembro de um posicionamento brasileiro em uma grande questão foi a participação na Segunda Guerra Mundial e só fez por que não tinha outra alternativa. Não ficamos nem perto do muro, ainda mais ficar em cima dele nos debates das grandes questões internacionais, talvez por isso é que nunca impomos respeito internacional. Querer participar do Conselho de Segurança da ONU necessita jogar políticamente de forma mais competitiva, não assim, parece até um problema de auto estima como agora quando a Bolívia nos humilha e nosso presidente se omite olhando, constrangido, Hugo Chávez e seu capanga Evo Morales fazerem o que bem entendem com a questão do gás que só será realmente resolvida se a bacia de Campos nos auto sustentar nessa "commoditie" que virou o gás.
Precisamos nos impor enquanto a maior nação da AL do ponto de vista político e também no comercial, a Bolívia precisa de nós, tanto quanto nós deles.
Por que temos que nos submeter a esses mandos e desmandos? Seria bom que tivéssemos um presidente mais estadista, preparado, e enérgico.
Enquanto isso, no Paraíso, Eva morde a maçã e nos joga nesse purgatório terreno e Evo, nos Andes, masca uma folha verde e nos humilha.

sexta-feira, 12 de maio de 2006

Dependência Eterna.

Com a proximidade do Dia das Mães acabo me lembrando da minha que faleceu em 2001. Este ano ela completaria 83 anos.
Sinto a falta dela, tudo que sou devo a ela, meu pai participou muito pouco da minha formação e educação, a não ser pela parte financeira, custeando os meus estudos e me mantendo.
Foi a mãe que me ensinou a ser gente, a comer à mesa, me portar em público, ceder meu lugar aos mais idosos, a cumprimentar corretamente as pessoas, a ter bom senso, ser equilibrado, ver o lado das outras pessoas e construiu as fundações para que eu pudesse ter educado bem meus filhos.
Ela foi uma boa mãe, boa demais para mim o que provocou algumas discussões amorosas entre eu e ela quando me tornei adolescente. Questionava ela do por quê de tanta distinção a mim e tentava mudá-la, mas, como ela mesma dizia:
- Estou com essa idade (70 anos) e agora nada mais vai me mudar.
Sempre em tom de concordância comigo, até nesse momento ela era cordial, pacificadora e doava-se totalmente...
Ela não viu o 11 de Setembro e outras desgraças posteriores que assolaram o mundo, faleceu em Julho de 2001.
Passei muito tempo ser poder falar e pensar sobre ela, eu travava sempre que tentava uma coisa ou outra. Aos poucos fui acomodando os meus sentimentos e, hoje, posso falar dela e sobre ela tranqüilamente sem travar, apesar do gosto amargo que sinto quando lembro da sua ausência.
No Natal a saudade bate mais forte, não consigo ouvir "Noite Feliz" sem me lembrar dela e me emocionar, ela faz mais falta no Natal que no Dia das Mães.
Tudo na vida se transforma, minha esposa é mãe e parte do amor e carinho que eu dedicava à minha mãe fica transferido a ela, não é uma tranferência que substitua o amor que eu dedicava à mãe, mas distrai meu coração e o acalma.
Às vezes chego a pensar que a mãe está lá em cima, me vigiando, cuidando para que eu não me acidente e manda, de vez em quando, alguém para surgir na minha vida e mudá-la, de uma forma ou de outra, mas sempre com a intenção de melhorá-la. É a forma que ela encontrou de permanecer me cuidando, e eu, de depender dela.

sábado, 29 de abril de 2006

Alvorescência.

Pode ser um neologismo. Procurei no Google e não achei esta palavra, talvez eu a tenha criado agora, mas, certamente, não criei o seu significado. Até o final do post você descobrirá o que ela significa. Um significado bem simples.
A infância nem sempre é uma boa fase, talvez meio boa e meio ruim. A minha foi mais boa que ruim, mas tive meus momentos infantis ruins onde a tutela dos pais mais atrapalhava que ajudava, eu me sentia menor, o mundo dos adultos me oprimia e eu temia o futuro, mas o saldo da minha infância é positivo, mais alegrias que tristezas e preocupações. Só comecei a me sentir gente, mesmo, na minha adolescência onde desenvolvi senso crítico, conheci um pouco do mundo e das pessoas e me relacionei com ambos de forma significativa que me deu mais segurança e tranqüilidade, me fez sentir melhor, mais pessoa.
Hoje, vejo o meu filho, com treze anos de idade, entrar na fase da adolescência, modificando o seu temperamento, fazendo brincadeiras sutilmente agressivas, deixando de ser dócil como ele era, proferindo "discursos" diante de qualquer contrariedade, bem diferente de quando era criança quando tudo ele aceitava numa boa. Fase inevitável que todos nós temos que passar. Com ele, estou revivendo o meu período de adolescente, vendo-o surgir para a vida e para o mundo. É como se ele estivesse alvorecendo para a vida, assim como eu alvoreci na minha adolescência, fim do período de trevas que foi a infância para o período de luz que a adolescência nos oferece como prêmio para quem chegar ao fim dela sobrevivendo ao abandono do corpo e do mundo infantil, e absorvendo a idéia de ser adulto.
Não é fácil a transição, mas é necessária e boa, porque só na adolescência eu despertei para a vida na sua mais ampla significação, foi a minha alvorada como pessoa, não teve pássaros cantando, mas foi um amanhecer bonito para uma fase adulta cheia de esperança. Uma alvorada que vem para todos, assim como o Sol que nasce para todos logo depois do alvorecer.

quarta-feira, 19 de abril de 2006

Eleições 2006.

As eleições de 2006, assim como todas as outras que tivemos até hoje, têm que ser olhadas sempre em um contexto histórico e cultural.
A nossa democracia é incipiente, apesar do ex presidente Collor ter recebido o impeachment e a democracia ter sobrevivido muito bem ao episódio, sempre que se fala em uma crise institucional um pouco mais séria ouvimos alguma voz tétrica lembrar da ditadura e temer a volta dela. Parece que diante de qualquer soluço se pensa nos militares como uma criança que, diante do perigo, corre para a barra da saia da mãe.
Esta crise, grave, envolvendo caixa dois e pagamento de propinas não afetou a instituição democrática de forma tão grave como seria em outros tempos, o que é muito bom, mas ainda não nos faz uma nação madura do ponto de vista da democracia.
Temos que trilhar um bom caminho até consolidar a democracia no nosso país. Para tal, não basta apenas votar e votar, temos que mudar a nossa postura diante dela e a nossa cultura, somos muito esquecidos, permissivos e temos pouca autoridade em relação a nós mesmos. Não lembramos o quanto determinado político é ladrão e corrupto, e insistimos em votar nele quando ele reaparece na cena política com a maior cara-de-pau, não é possível que isso aconteça, precisamos depurar as assembléias, Câmara Federal e Senado, colocar lá políticos que, pelo menos, tenham o país como principal meta e não a si mesmos, precisamos nos responsabilizar mais pela colocação desses políticos em cargos eletivos e, por tabela, em cargos públicos.
Não dá para responsabilizar os outros pela nossa classe política, eles são frutos da sociedade que criamos e vivemos, somos nós que os colocamos lá e nós que os devemos tirar, é muito fácil transferir a responsabilidade ao povo. Mas os políticos são assim, ladrões e corruptos porque a sociedade, de certa forma é, por isso precisamos de mais autoridade, não da autoridade policial, mas aquela autoridade simbólica, de um pai forte em casa que não permite as transgresões do filho e quando ela acontece é punida com energia. A punição ao mau político é a sua não eleição.
Votar é preciso, não dá para se omitir nesta hora e depois passar o mandato todo do cidadão reclamando que ele é incompetente.
Votar na Xuxa é bobagem, é abrir espaço para os ladrões, corruptos e incapazes assumirem um mandato e mandar em nós.
Vamos votar em políticos honestos, eles existem, que olhem para frente e para longe, sem raiva e sem amargura, com a mente serena e desobstruída de sentimentos ruins, com bom senso e visão voltada para o futuro, o nosso e de nossos filhos que, se ainda não nasceram, nascerão um dia e precisarão de um país pelo menos melhor que este que está aí.

domingo, 9 de abril de 2006

Desinspiração.

Minha inspiração sumiu.
Sou sensível ao meu estado de espírito. Se estou mal, com algum problema sério, não escrevo. Se estou bem, ou mesmo com algum incômodo saudável, tenho inspiração para escrever, porém nos últimos dias não estou mal, ou com algum problema importante que tome conta de meus pensamentos, mesmo assim tem me batido uma crise de inspiração. A explicação que encontro é um sentimento de vazio e de calmaria que estou experimentando na minha vida atual.
Gosto de escrever sobre temas para mim vibrantes e inquietantes, mas, nos últimos dias, estou em um período estranhamente calmo. Inquietante calmaria, por isso escrevi.
Eu volto, imediatamente, assim que a vida me der uma sacudida, ou o coração der uma batida mais forte, quem sabe?

quarta-feira, 29 de março de 2006

Agressão Emocional.

Quando alguém agride outro fisicamente pode machucar, não só o corpo, mas, também, a alma. É uma agressão que dói duplamente.
Há um outro tipo de agressão tão dolorosa quanto a física, porém não tão explícita, é sorrateira, maliciosa e, por natureza, cínica. É a agressão emocional, não a mera agressão verbal, através de palavrões, é aquela agressão feita verbalmente ou por gestos, subliminar ou não, que atinge a auto estima do outro como se fosse um tapa ou soco, que machuca a alma dele e o faz sofrer tanto ou mais que uma agressão física.
Por vezes a agressão física se restringe ao momento e depois passa o seu efeito, gradualmente, mas a agressão emocional não, ela fica repercutindo dentro da nossa mente como se fosse um eco de maldade ferindo a alma cada vez que é ouvido ou lembrado. Há pessoas que usam deste artifício. Eu mesmo, mea culpa, já me peguei fazendo isso. É uma covardia, é condenável, é baixo, porque dói muito e nem sempre a outra pessoa se dá conta do mal que causei, só se dá conta que está triste ou magoada, mas não tem idéia da extensão do estrago e sua origem exata, por isso fica sem saber como se defender. Estou me educando para não ser assim. Observo que há muitas pessoas que são assim, mas não todas, e estou me espelhando nas que não são para que eu possa evoluir espiritualmente e não mais cometer este erro grave.
Quando o corpo é ferido, sangra, mas quando a alma é machucada, algo parecido com o sangue escorre, forma uma ferida que, depois, cicatriza, demora bem mais tempo para cicatrizar que uma ferida no corpo e, algumas vezes, não cicatriza nunca e nunca para de sangrar.
E você, que usa a língua para dar e sentir prazer entre outras coisas, também usa ela para ferir?

domingo, 26 de março de 2006

A Teia. (Parte II do Destino)

Antes da invenção da WWW (World Wide Web) já existia uma outra teia, muito mais antiga, desde que o mundo é mundo. É a teia que é tecida por nós, pessoas, que nos interligamos às outras, ora fazendo uma conexão proposital ou não (familiares, parentes, amigos), ora não se conectando por que não podemos conhecer e nos relacionar com todo o mundo.
À medida que eu crescia fui conhecendo pessoas e notei que muitas delas poderiam ser por mim queridas se houvesse um mútuo interesse em construir uma amizade ou namoro. Há muitas pessoas interessantes ao meu redor, sempre houve, disputando espaço com aquelas sem tempero e também com as pessoas chatas. Diversas vezes me senti como um marionete do destino e da vida, sendo manipulado por fios invisíveis e sutis que se fossem movidos um milímetro pra lá ou prá cá mudariam radicalmente a minha vida. Conheci pessoas interessantes na hora certa e outras interessantes na hora errada, que bom seria se eu pudesse ser o senhor que comanda os fios do meu próprio marionete para mexer um pouquinho prá lá, ou prá cá, e me ajustar aquilo que é melhor ou mais adequado para mim.
Pessoas queridas surgiram na hora errada? Ou surgiram na hora certa para mostrar o que atualmente está errado? Pessoas chatas têm ou não a sua utilidade? Quem sabe são úteis para oferecer um contraponto e me fazer ver como são legais as que são amigas e queridas?
Parte da vida é regida pelo acaso. Ele tem sido misericordioso comigo, me cercando de pessoas ótimas e me poupando das amargas. Não sei até quando serei brindado com esta distinção, enquanto for, aproveito.
Enquanto puder, manipularei os fios do meu marionete, até onde me for dado o direito de fazer isso, e fugirei das aranhas venenosas que habitam esta teia invisível na qual todos nós nos enredamos, queiramos ou não.Que bom que você está aqui. Fazendo conexão comigo. Muito obrigado pela visita. Eu gosto muito de você.

sexta-feira, 24 de março de 2006

Qualquer Amor é um Bom Amor? (Parte I do Destino)

Tempos idos e não mais vindos eu era acometido por um pensamento freqüente que pairava como uma nuvem sobre a minha cabeça: Se eu encontrasse um amor - e sendo fiel a ele - teria de abrir mão de outro amor, uma pessoa tão ou mais interessante que aquela que estava comigo naquele momento? E havia muitas pessoas interessantes no mundo à minha volta e há até hoje. Como saber se aquela pessoa que estava ao meu lado era a ideal, a melhor, a única?
Eu via qualidades em muitas mulheres e não só qualidades estéticas que à época me chamavam a atenção por causa da minha juventude, mas qualidades outras, de personalidade, de alma, que são muito mais importantes que as estéticas, nunca reunidas em uma só mulher, mas espalhadas por várias. O que fazer com um problema desses? Experimentar todas ou quase todas mulheres que estavam ao meu alcance? Impossível. Não tenho e nunca tive a característica de ser um conquistador, e nem tenho o poder de seduzir quantas e quais mulheres eu quisesse. Uma solução seria conhecer a maior quantidade possível para poder optar pela pessoa que no meu entender reunisse as melhores qualidades. Na teoria ótimo, mas na prática não foi isso que aconteceu por questões ao mesmo tempo paralelas e assimétricas que a vida me impôs.
Engoli a sensação de alguém sensacional me escapar por entre os dedos e a tenho até hoje meio engasgada na garganta, de vez em quando me assola a idéia de não ter conhecido a pessoa maravilhosa que estava predestinada a mim e eu a ela, que se encaixava melhor comigo, mas me pergunto: existe apenas uma? Não existem várias? Quem sabe a partir de centenas de mulheres com as mesmas qualidades eu poderia escolher uma para estar ao meu lado e me contentar com isso? Não importa, a sensação me persegue tal qual uma assombração.
Por outro lado tenho o pressentimento que a vontade de experimentar está ligada a falta de oportunidade, é como se eu só quisesse ter a possibilidade de experimentar. Me parece que esta necessidade de variação é biológica, coisa de homem, necessidade de espalhar DNA por onde andar, algo animal e pré histórico. Se eu experimentasse da forma que eu escrevi acima logo me desinteressaria pois veria a inutilidade de tal atitude.
Dúvida, esta é uma dúvida existencial e biológica.
Você já foi assolado por tal sentimento? Não. Você não está na minha alça de mira, relaxe, você só está lendo meu blog... Ahaha.

segunda-feira, 20 de março de 2006

Eu, Herodes.

Nas duas últimas conversas que tive com uma pessoa amiga o tema foi recorrente. Conversamos sobre o hábito que muitas pessoas tem de julgar os outros a partir de suas próprias idéias e convicções. Um hábito que tenho. Me dei conta enquanto conversava com ela nas duas oportunidades. Depois da segunda conversa decidi refletir um pouco sobre o assunto porque me incomodou, fiquei inquieto com a falta de uma idéia clara do que significa julgar o outro de acordo com um código de lei escrito e publicado por eu mesmo, mas não consegui desenvolver as idéias. Sinto que falta elementos para eu pensar sobre o assunto e chegar a uma conclusão. Tem muitos assuntos que eu não tenho opinião formada, este é um deles. Resolvi, então, pedir o auxílio de vocês, comentaristas V.I.P. deste confuso, inconstante e errante blog, para buscar alguma luz nessa treva que me meti. Quem mandou eu resolver pensar sobre algo que eu nem sei por onde começar a pensar?
Dando trabalho aos neurônios, creio que há dois pontos que devemos enfocar: um seria o ato de julgar, atribuição típicamente divina que eu me arvoro a fazer, principalmente quando não estou contente com o comportamento alheio. Seria o ato de julgar algo correto? Não sei, só sei que faço diariamente e me submeto a crítica de vocês por fazer isso que, a princípio, não deveria ser feito. O segundo ponto a se discutir seria qual paradigma usar na hora do julgamento. Cada um tem a sua personalidade, moldada a partir de fotores genéticos, de sua experiência, sua história, que faz de nós únicos no mundo, que loucura seria, e é, se cada um fizer o julgamento alheio baseado em suas próprias idéias e convicções.
Eu preciso de uma idéia inicial para começar a pensar o assunto, me sinto paralisado, sem inspiração para ir além do que já escrevi. Gostaria que todos se manifestassem, não se sintam constrangidos, não vou julgar os que escreveram nem os que se omitiram. Prometo.

terça-feira, 14 de março de 2006

Nada Mais Que Perfeito.

Sou perfeccionista. Ser assim não é bom, eu gasto muito tempo e energia procurando não errar. Isto cansa, são anos assim, desde sempre. E agora? O que fazer com isto? Mudo? Deixo como está?
Esta característica - seria um defeito? - não me incomoda no dia-a-dia, mas, por vezes, enche o saco pois é como uma escravidão. Tudo tem que sair perfeito, sem erros. Se erro, corro para retificar o erro e pedir desculpas se alguém foi prejudicado por ele. Estou cansado desta escravidão. Queria errar mais, ser inconseqüente. Queria que o template do blog não fosse tão retilíneamente perfeito, algumas linhas poderiam ser tortas, desalinhadas, algumas datas poderias ser imprecisas, o texto não precisaria ser revisado à exaustão à procura de erros ortográficos, de concordância ou outros quaisquer.
Eu poderia não listar todos os erros que procuro não cometer no blog... Poderia ser menos preocupado com os erros na minha vida. Deixar de lado o preciosismo que me obriga a retificar tudo que saia um milímetro do eixo do certo. Queria falar umas verdades aos chatos, aos sem educação, aos grossos, sem ter que justificar depois ou maquiar minhas palavras para não serem ofensivas. Errar faz parte da vida, não quero cair no outro extremo de não me preocupar em acertar, o que seria um erro depois de anos de tirania da perfeição.
Bem, para um perfeccionista reconhecer que perfeccionismo é um equívoco já é um avanço... em direção à perfeição, você não acha?

domingo, 12 de março de 2006

Banana & Sentimentos Com Canela.

Na encosta da Serra do Mar, à beira da rodovia BR-101, há plantações de bananas. Elas são colhidas todos os dias e colocadas em um caminhão para que cheguem, ainda verdes, ao CEASA, local que abastece os principais mercados e fruteiras da região. Quando compramos e levamos as bananas para casa, elas já estão maduras, no ponto para serem consumidas.
Os meus sentimentos, por vezes, se parecem com as bananas que citei acima. São até meio tortos como elas. Tenho contato com eles, manipulo-os, falo deles comigo mesmo, mas só consigo consumí-los quando estão maduros na minha cabeça ou no meu coração. Daí para diante eu posso tratá-los de uma forma adulta e racional, conversar sobre eles com as outras pessoas, admitir que estão certos ou errados e tentar modificá-los, se for o caso. Se ainda estão verdes há sensação de insegurança e confusão que me impede de enxergá-los corretamente, não os entendo, não consigo conversar sobre eles com as outras pessoas, a conversa não flui e eles permanecem em um vácuo atemporal dentro de mim.
Os sentimentos, em mim, amadurecem com o tempo, podem amadurecer sozinhos, com a ajuda da vida, de pessoas, amigas ou não, que agem como catalizadores, acelerando a reação de amadurecimento nesta alquimia bioquímica com tempero emocional que inunda minha cabeça com o seu cheiro apetitoso, às vezes, repugnante por outras, como um turbilhão. Mas nem sempre eles amadurecem, por vezes algo que não sei explicar ocorre impedindo que a alquimia aconteça, os sentimentos ficam como um alimento indigesto no estômago e quando tomo contato com eles, no presente ou no futuro, vem uma sensação incômoda de náusea. Nesta hora, ou tento resolver o sentimento ou varro-o para debaixo do tapete esperando que o futuro traga o amadurecimento ou a solução para ele. Se a solução não vêm ele fica em uma gaveta, aquele tipo de gaveta que todos temos em casa, bagunçada, e que sempre arranjamos um bom motivo para não abrir e adiar a sua limpeza.

sexta-feira, 10 de março de 2006

Janelas Com Cortinas.

Todos os dias, quando acordamos, abrimos as janelas de nossos olhos. Não temos que optar. Abrimos, por que temos que abrir para viver. Com elas fechadas não deixamos a vida entrar.
A paisagem que vemos por estas janelas pode ser muito bonita e agradável: céu azul, uma mata bem verde, um riacho de águas claras e límpidas e um sol quente e brilhante que, com a sua luz, ilumina tudo na sua exata cor. Há dias em que este cenário não é tão maravilhoso assim: o céu está nublado, cinzento, a mata ainda é verde, mas parece sem vida, o riacho tem águas mais escuras e profundas e a ausência do sol veste tudo com um matiz escura e triste.
Podemos optar por aquilo que nos dá prazer, fugindo do que nos é desagradável e viver aquele dia, ou aqueles dias, sem olhar a paisagem que estas janelas nos mostram por que o cenário não nos agrada, passamos a focalizar nossos olhos para dentro de nós, buscando no nosso interior um pouco de prazer e conforto que a paisagem lá fora não nos dá. O cenário interno é tão ou mais rico que o de fora da janela: também possui céu, mata, riacho e sol. Os dias no mundo interior, por vezes, são magníficos e, por outras, são cinzentos, tristes, melodramáticos.
Assim como o mundo exterior, este mundo interior permite expedições onde descobrimos a cada dia novas regiões que antes não havíamos explorado, facetas de nossa personalidade que nunca havíamos tomado contato.
Nos dias que passei sem Internet voltei meus olhos para dentro de mim, ainda mais do que faço regularmente. Desliguei o monitor do computador que me mostrava uma paisagem virtual para voltar meus olhos para um mundo real e, também, virtual que existe dentro de mim. Mundo, este, que é meu, rico e gostoso, às vezes amargo e triste, porque não? Mas, sobretudo, meu, o que me faz ter um carinho especial por ele e dedicar um bom tempo desbravando-o.
A exploração deste mundo interior me dá tanto prazer quanto explorar o mundo real que existe lá fora, ou o virtual que a Internet proporciona. Conserto algo aqui, limpo algo ali que há muito precisava ir para o lixo, ou movo algo que precisava ser colocado em um local de destaque numa estante interna. Admiro o que eu ainda não havia me dado conta que era belo ou rememoro imagens antigas de pessoas que não fazem mais parte da minha paisagem, mas que um dia foram muito queridas por mim.
Há muito o que explorar dentro de mim, muitas respostas estão por serem encontradas e, assim como um cientista que avança na sua ciência, quanto mais olho para dentro de mim, mais vejo que há por descobrir.
Os dias cinzentos, tanto lá fora como dentro de mim, não são eternos. Lá fora, de repente, sopra um vento e as nuvens são levadas para longe escurecendo outras paisagens e a paisagem triste é substituída por um sol intenso, luminoso e quente. A verdade é que, hoje, o mundo real não está me proporcionando tanto prazer quanto eu gostaria de ter e o mundo interno é um refúgio agradável nestes dias em que as janelas me mostram uma paisagem sombria e sem perspectiva. Uso o mundo interno como abrigo para este tempo de intempérie e como combustível para revitalizar as forças e soprar as nuvens carregadas para longe.
E a sua janela? Que paisagem mostra? Você, de vez em quando, olha para dentro de si? E olha com a mesma atenção e boa vontade que olha a paisagem de fora? Me mostra um pouco da sua paisagem para que eu possa me deliciar com ela.

quinta-feira, 9 de março de 2006

De Volta.

Desculpa a demora.
O atraso foi maior que o esperado, só superado pela ansiedade em voltar a escrever e compartilhar o meu mundo com você.
Obrigado pela paciência, desculpa por você ter vindo aqui e batido com a cara na porta. Vou me esforçar para que isto não aconteça mais.
Não fiquei parado este tempo todo. Escrevi umas coisinhas, um pouco do meu mundo, um pouco da minha vida e da minha loucura.
Publicarei aos poucos.
Espero que gostem da leitura.
Até logo, ainda tenho que acertar algumas coisas para retornar plenamente.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

Uma Discreta Ausência.

A partir de sábado, dia 14 de Janeiro, ficarei, por algum tempo, sem a minha conexão de Internet, por este motivo o blog não será atualizado durante o período que ficar sem conexão, mas não ficarei parado, vou criar posts enquanto aguardo o retorno da conexão e, assim que ficar online, novamente, postarei aqui e retomarei o ritmo normal de postagens que não é muito freqüente por que evito de postar a esmo, só o faço quando tenho algo de significativo para publicar e contar a vocês.
Durante esta "cyber férias" farei aparições esporádicas e meteóricas na Internet, continuarei a acessar os e-mails normalmente, apenas com respostas mais breves.
Nos encontramos por aí, em alguma destas esquinas virtuais.
Juízo e cuidem-se.
Até breve.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

O Desvio da Via Férrea.

Olhando para trás, na nossa vida, temos várias situações que se assemelham ao desvio de uma via férrea. Se seguirmos por um lado, teremos as conseqüências desta opção, se seguirmos pelo outro lado teremos as conseqüências daquele lado. Qualquer que seja a opção é definitiva porque o tempo não retrocede. Optamos e seguimos em frente. Esta é a lei da vida.
Na minha vida, como na sua, há diversos pontos onde tivemos que fazer uma opção, no meu caso, por vezes, era uma opção determinada pelos meus pais, como o colégio em que eu estudei a minha vida toda, outras opções foram feitas por mim, como o curso na faculdade, ou a carteira de habilitação para dirigir, outras opções foram feitas pelo acaso, destino, ou chame do que quiser.
Estes pontos, onde decidimos algo e, por conseqüência, decidimos o restante de nossas vidas, são determinantes da que vida levaremos, até onde tivermos livre arbítrio para isso.
Seria conveniente ter a opção de retroceder a composição e escolher o outro caminho que nos foi ofertado no desvio, mas não é assim e, devido a natureza humana, é bom que não seja.
Errei na busca de acertar em diversos momentos da minha vida, mas, felizmente, mais acertei que errei.
Inicia um ano novo e com ele renovamos mais uma vez a esperança de optar por caminhos que sejam os mais adequados para nós. Que acertemos na maioria das escolhas, por que em todas não acertaremos, então, que seja nas escolhas mais importantes.
Antigamente era a mão do homem que movia a chave que mudava a direção dos trilhos levando o trem a um outro caminho, hoje é um mecanismo automático. Mas nem sempre a chave é movimentada pela mão ou vontade do homem, por vezes é ativada pela vida, pelo acaso, pelo aleatório, pelo mágico, pelo inexplicável e o trem imaginário que tripulamos é atirado para lá e para cá sem que tenhamos controle sobre ele, a mercê do humor dos astros.
Um dia, uma mão, divina, talvez, mexeu na chave à frente do meu trem e desde esse dia eu nunca mais fui o mesmo, passei a me respeitar mais, a me valorizar mais, me senti rejuvenescido e confiante. Não sei quem ou o quê fez a chave virar e mudar a rota do meu trem, só sei que até hoje sou grato por ser levado a um caminho que eu julgava inexistir para mim, ou que eu não tinha direito a ele, ou que já era tarde demais para trilhá-lo.
Ainda bem que o tempo não volta, se voltasse, talvez eu não fosse brindado com esse desvio tão importante na minha vida e tivesse seguido o caminho que antes estava determinado. Um caminho previsível, entediante e menos feliz.