quarta-feira, 29 de março de 2006

Agressão Emocional.

Quando alguém agride outro fisicamente pode machucar, não só o corpo, mas, também, a alma. É uma agressão que dói duplamente.
Há um outro tipo de agressão tão dolorosa quanto a física, porém não tão explícita, é sorrateira, maliciosa e, por natureza, cínica. É a agressão emocional, não a mera agressão verbal, através de palavrões, é aquela agressão feita verbalmente ou por gestos, subliminar ou não, que atinge a auto estima do outro como se fosse um tapa ou soco, que machuca a alma dele e o faz sofrer tanto ou mais que uma agressão física.
Por vezes a agressão física se restringe ao momento e depois passa o seu efeito, gradualmente, mas a agressão emocional não, ela fica repercutindo dentro da nossa mente como se fosse um eco de maldade ferindo a alma cada vez que é ouvido ou lembrado. Há pessoas que usam deste artifício. Eu mesmo, mea culpa, já me peguei fazendo isso. É uma covardia, é condenável, é baixo, porque dói muito e nem sempre a outra pessoa se dá conta do mal que causei, só se dá conta que está triste ou magoada, mas não tem idéia da extensão do estrago e sua origem exata, por isso fica sem saber como se defender. Estou me educando para não ser assim. Observo que há muitas pessoas que são assim, mas não todas, e estou me espelhando nas que não são para que eu possa evoluir espiritualmente e não mais cometer este erro grave.
Quando o corpo é ferido, sangra, mas quando a alma é machucada, algo parecido com o sangue escorre, forma uma ferida que, depois, cicatriza, demora bem mais tempo para cicatrizar que uma ferida no corpo e, algumas vezes, não cicatriza nunca e nunca para de sangrar.
E você, que usa a língua para dar e sentir prazer entre outras coisas, também usa ela para ferir?

domingo, 26 de março de 2006

A Teia. (Parte II do Destino)

Antes da invenção da WWW (World Wide Web) já existia uma outra teia, muito mais antiga, desde que o mundo é mundo. É a teia que é tecida por nós, pessoas, que nos interligamos às outras, ora fazendo uma conexão proposital ou não (familiares, parentes, amigos), ora não se conectando por que não podemos conhecer e nos relacionar com todo o mundo.
À medida que eu crescia fui conhecendo pessoas e notei que muitas delas poderiam ser por mim queridas se houvesse um mútuo interesse em construir uma amizade ou namoro. Há muitas pessoas interessantes ao meu redor, sempre houve, disputando espaço com aquelas sem tempero e também com as pessoas chatas. Diversas vezes me senti como um marionete do destino e da vida, sendo manipulado por fios invisíveis e sutis que se fossem movidos um milímetro pra lá ou prá cá mudariam radicalmente a minha vida. Conheci pessoas interessantes na hora certa e outras interessantes na hora errada, que bom seria se eu pudesse ser o senhor que comanda os fios do meu próprio marionete para mexer um pouquinho prá lá, ou prá cá, e me ajustar aquilo que é melhor ou mais adequado para mim.
Pessoas queridas surgiram na hora errada? Ou surgiram na hora certa para mostrar o que atualmente está errado? Pessoas chatas têm ou não a sua utilidade? Quem sabe são úteis para oferecer um contraponto e me fazer ver como são legais as que são amigas e queridas?
Parte da vida é regida pelo acaso. Ele tem sido misericordioso comigo, me cercando de pessoas ótimas e me poupando das amargas. Não sei até quando serei brindado com esta distinção, enquanto for, aproveito.
Enquanto puder, manipularei os fios do meu marionete, até onde me for dado o direito de fazer isso, e fugirei das aranhas venenosas que habitam esta teia invisível na qual todos nós nos enredamos, queiramos ou não.Que bom que você está aqui. Fazendo conexão comigo. Muito obrigado pela visita. Eu gosto muito de você.

sexta-feira, 24 de março de 2006

Qualquer Amor é um Bom Amor? (Parte I do Destino)

Tempos idos e não mais vindos eu era acometido por um pensamento freqüente que pairava como uma nuvem sobre a minha cabeça: Se eu encontrasse um amor - e sendo fiel a ele - teria de abrir mão de outro amor, uma pessoa tão ou mais interessante que aquela que estava comigo naquele momento? E havia muitas pessoas interessantes no mundo à minha volta e há até hoje. Como saber se aquela pessoa que estava ao meu lado era a ideal, a melhor, a única?
Eu via qualidades em muitas mulheres e não só qualidades estéticas que à época me chamavam a atenção por causa da minha juventude, mas qualidades outras, de personalidade, de alma, que são muito mais importantes que as estéticas, nunca reunidas em uma só mulher, mas espalhadas por várias. O que fazer com um problema desses? Experimentar todas ou quase todas mulheres que estavam ao meu alcance? Impossível. Não tenho e nunca tive a característica de ser um conquistador, e nem tenho o poder de seduzir quantas e quais mulheres eu quisesse. Uma solução seria conhecer a maior quantidade possível para poder optar pela pessoa que no meu entender reunisse as melhores qualidades. Na teoria ótimo, mas na prática não foi isso que aconteceu por questões ao mesmo tempo paralelas e assimétricas que a vida me impôs.
Engoli a sensação de alguém sensacional me escapar por entre os dedos e a tenho até hoje meio engasgada na garganta, de vez em quando me assola a idéia de não ter conhecido a pessoa maravilhosa que estava predestinada a mim e eu a ela, que se encaixava melhor comigo, mas me pergunto: existe apenas uma? Não existem várias? Quem sabe a partir de centenas de mulheres com as mesmas qualidades eu poderia escolher uma para estar ao meu lado e me contentar com isso? Não importa, a sensação me persegue tal qual uma assombração.
Por outro lado tenho o pressentimento que a vontade de experimentar está ligada a falta de oportunidade, é como se eu só quisesse ter a possibilidade de experimentar. Me parece que esta necessidade de variação é biológica, coisa de homem, necessidade de espalhar DNA por onde andar, algo animal e pré histórico. Se eu experimentasse da forma que eu escrevi acima logo me desinteressaria pois veria a inutilidade de tal atitude.
Dúvida, esta é uma dúvida existencial e biológica.
Você já foi assolado por tal sentimento? Não. Você não está na minha alça de mira, relaxe, você só está lendo meu blog... Ahaha.

segunda-feira, 20 de março de 2006

Eu, Herodes.

Nas duas últimas conversas que tive com uma pessoa amiga o tema foi recorrente. Conversamos sobre o hábito que muitas pessoas tem de julgar os outros a partir de suas próprias idéias e convicções. Um hábito que tenho. Me dei conta enquanto conversava com ela nas duas oportunidades. Depois da segunda conversa decidi refletir um pouco sobre o assunto porque me incomodou, fiquei inquieto com a falta de uma idéia clara do que significa julgar o outro de acordo com um código de lei escrito e publicado por eu mesmo, mas não consegui desenvolver as idéias. Sinto que falta elementos para eu pensar sobre o assunto e chegar a uma conclusão. Tem muitos assuntos que eu não tenho opinião formada, este é um deles. Resolvi, então, pedir o auxílio de vocês, comentaristas V.I.P. deste confuso, inconstante e errante blog, para buscar alguma luz nessa treva que me meti. Quem mandou eu resolver pensar sobre algo que eu nem sei por onde começar a pensar?
Dando trabalho aos neurônios, creio que há dois pontos que devemos enfocar: um seria o ato de julgar, atribuição típicamente divina que eu me arvoro a fazer, principalmente quando não estou contente com o comportamento alheio. Seria o ato de julgar algo correto? Não sei, só sei que faço diariamente e me submeto a crítica de vocês por fazer isso que, a princípio, não deveria ser feito. O segundo ponto a se discutir seria qual paradigma usar na hora do julgamento. Cada um tem a sua personalidade, moldada a partir de fotores genéticos, de sua experiência, sua história, que faz de nós únicos no mundo, que loucura seria, e é, se cada um fizer o julgamento alheio baseado em suas próprias idéias e convicções.
Eu preciso de uma idéia inicial para começar a pensar o assunto, me sinto paralisado, sem inspiração para ir além do que já escrevi. Gostaria que todos se manifestassem, não se sintam constrangidos, não vou julgar os que escreveram nem os que se omitiram. Prometo.

terça-feira, 14 de março de 2006

Nada Mais Que Perfeito.

Sou perfeccionista. Ser assim não é bom, eu gasto muito tempo e energia procurando não errar. Isto cansa, são anos assim, desde sempre. E agora? O que fazer com isto? Mudo? Deixo como está?
Esta característica - seria um defeito? - não me incomoda no dia-a-dia, mas, por vezes, enche o saco pois é como uma escravidão. Tudo tem que sair perfeito, sem erros. Se erro, corro para retificar o erro e pedir desculpas se alguém foi prejudicado por ele. Estou cansado desta escravidão. Queria errar mais, ser inconseqüente. Queria que o template do blog não fosse tão retilíneamente perfeito, algumas linhas poderiam ser tortas, desalinhadas, algumas datas poderias ser imprecisas, o texto não precisaria ser revisado à exaustão à procura de erros ortográficos, de concordância ou outros quaisquer.
Eu poderia não listar todos os erros que procuro não cometer no blog... Poderia ser menos preocupado com os erros na minha vida. Deixar de lado o preciosismo que me obriga a retificar tudo que saia um milímetro do eixo do certo. Queria falar umas verdades aos chatos, aos sem educação, aos grossos, sem ter que justificar depois ou maquiar minhas palavras para não serem ofensivas. Errar faz parte da vida, não quero cair no outro extremo de não me preocupar em acertar, o que seria um erro depois de anos de tirania da perfeição.
Bem, para um perfeccionista reconhecer que perfeccionismo é um equívoco já é um avanço... em direção à perfeição, você não acha?

domingo, 12 de março de 2006

Banana & Sentimentos Com Canela.

Na encosta da Serra do Mar, à beira da rodovia BR-101, há plantações de bananas. Elas são colhidas todos os dias e colocadas em um caminhão para que cheguem, ainda verdes, ao CEASA, local que abastece os principais mercados e fruteiras da região. Quando compramos e levamos as bananas para casa, elas já estão maduras, no ponto para serem consumidas.
Os meus sentimentos, por vezes, se parecem com as bananas que citei acima. São até meio tortos como elas. Tenho contato com eles, manipulo-os, falo deles comigo mesmo, mas só consigo consumí-los quando estão maduros na minha cabeça ou no meu coração. Daí para diante eu posso tratá-los de uma forma adulta e racional, conversar sobre eles com as outras pessoas, admitir que estão certos ou errados e tentar modificá-los, se for o caso. Se ainda estão verdes há sensação de insegurança e confusão que me impede de enxergá-los corretamente, não os entendo, não consigo conversar sobre eles com as outras pessoas, a conversa não flui e eles permanecem em um vácuo atemporal dentro de mim.
Os sentimentos, em mim, amadurecem com o tempo, podem amadurecer sozinhos, com a ajuda da vida, de pessoas, amigas ou não, que agem como catalizadores, acelerando a reação de amadurecimento nesta alquimia bioquímica com tempero emocional que inunda minha cabeça com o seu cheiro apetitoso, às vezes, repugnante por outras, como um turbilhão. Mas nem sempre eles amadurecem, por vezes algo que não sei explicar ocorre impedindo que a alquimia aconteça, os sentimentos ficam como um alimento indigesto no estômago e quando tomo contato com eles, no presente ou no futuro, vem uma sensação incômoda de náusea. Nesta hora, ou tento resolver o sentimento ou varro-o para debaixo do tapete esperando que o futuro traga o amadurecimento ou a solução para ele. Se a solução não vêm ele fica em uma gaveta, aquele tipo de gaveta que todos temos em casa, bagunçada, e que sempre arranjamos um bom motivo para não abrir e adiar a sua limpeza.

sexta-feira, 10 de março de 2006

Janelas Com Cortinas.

Todos os dias, quando acordamos, abrimos as janelas de nossos olhos. Não temos que optar. Abrimos, por que temos que abrir para viver. Com elas fechadas não deixamos a vida entrar.
A paisagem que vemos por estas janelas pode ser muito bonita e agradável: céu azul, uma mata bem verde, um riacho de águas claras e límpidas e um sol quente e brilhante que, com a sua luz, ilumina tudo na sua exata cor. Há dias em que este cenário não é tão maravilhoso assim: o céu está nublado, cinzento, a mata ainda é verde, mas parece sem vida, o riacho tem águas mais escuras e profundas e a ausência do sol veste tudo com um matiz escura e triste.
Podemos optar por aquilo que nos dá prazer, fugindo do que nos é desagradável e viver aquele dia, ou aqueles dias, sem olhar a paisagem que estas janelas nos mostram por que o cenário não nos agrada, passamos a focalizar nossos olhos para dentro de nós, buscando no nosso interior um pouco de prazer e conforto que a paisagem lá fora não nos dá. O cenário interno é tão ou mais rico que o de fora da janela: também possui céu, mata, riacho e sol. Os dias no mundo interior, por vezes, são magníficos e, por outras, são cinzentos, tristes, melodramáticos.
Assim como o mundo exterior, este mundo interior permite expedições onde descobrimos a cada dia novas regiões que antes não havíamos explorado, facetas de nossa personalidade que nunca havíamos tomado contato.
Nos dias que passei sem Internet voltei meus olhos para dentro de mim, ainda mais do que faço regularmente. Desliguei o monitor do computador que me mostrava uma paisagem virtual para voltar meus olhos para um mundo real e, também, virtual que existe dentro de mim. Mundo, este, que é meu, rico e gostoso, às vezes amargo e triste, porque não? Mas, sobretudo, meu, o que me faz ter um carinho especial por ele e dedicar um bom tempo desbravando-o.
A exploração deste mundo interior me dá tanto prazer quanto explorar o mundo real que existe lá fora, ou o virtual que a Internet proporciona. Conserto algo aqui, limpo algo ali que há muito precisava ir para o lixo, ou movo algo que precisava ser colocado em um local de destaque numa estante interna. Admiro o que eu ainda não havia me dado conta que era belo ou rememoro imagens antigas de pessoas que não fazem mais parte da minha paisagem, mas que um dia foram muito queridas por mim.
Há muito o que explorar dentro de mim, muitas respostas estão por serem encontradas e, assim como um cientista que avança na sua ciência, quanto mais olho para dentro de mim, mais vejo que há por descobrir.
Os dias cinzentos, tanto lá fora como dentro de mim, não são eternos. Lá fora, de repente, sopra um vento e as nuvens são levadas para longe escurecendo outras paisagens e a paisagem triste é substituída por um sol intenso, luminoso e quente. A verdade é que, hoje, o mundo real não está me proporcionando tanto prazer quanto eu gostaria de ter e o mundo interno é um refúgio agradável nestes dias em que as janelas me mostram uma paisagem sombria e sem perspectiva. Uso o mundo interno como abrigo para este tempo de intempérie e como combustível para revitalizar as forças e soprar as nuvens carregadas para longe.
E a sua janela? Que paisagem mostra? Você, de vez em quando, olha para dentro de si? E olha com a mesma atenção e boa vontade que olha a paisagem de fora? Me mostra um pouco da sua paisagem para que eu possa me deliciar com ela.

quinta-feira, 9 de março de 2006

De Volta.

Desculpa a demora.
O atraso foi maior que o esperado, só superado pela ansiedade em voltar a escrever e compartilhar o meu mundo com você.
Obrigado pela paciência, desculpa por você ter vindo aqui e batido com a cara na porta. Vou me esforçar para que isto não aconteça mais.
Não fiquei parado este tempo todo. Escrevi umas coisinhas, um pouco do meu mundo, um pouco da minha vida e da minha loucura.
Publicarei aos poucos.
Espero que gostem da leitura.
Até logo, ainda tenho que acertar algumas coisas para retornar plenamente.