sábado, 29 de abril de 2006

Alvorescência.

Pode ser um neologismo. Procurei no Google e não achei esta palavra, talvez eu a tenha criado agora, mas, certamente, não criei o seu significado. Até o final do post você descobrirá o que ela significa. Um significado bem simples.
A infância nem sempre é uma boa fase, talvez meio boa e meio ruim. A minha foi mais boa que ruim, mas tive meus momentos infantis ruins onde a tutela dos pais mais atrapalhava que ajudava, eu me sentia menor, o mundo dos adultos me oprimia e eu temia o futuro, mas o saldo da minha infância é positivo, mais alegrias que tristezas e preocupações. Só comecei a me sentir gente, mesmo, na minha adolescência onde desenvolvi senso crítico, conheci um pouco do mundo e das pessoas e me relacionei com ambos de forma significativa que me deu mais segurança e tranqüilidade, me fez sentir melhor, mais pessoa.
Hoje, vejo o meu filho, com treze anos de idade, entrar na fase da adolescência, modificando o seu temperamento, fazendo brincadeiras sutilmente agressivas, deixando de ser dócil como ele era, proferindo "discursos" diante de qualquer contrariedade, bem diferente de quando era criança quando tudo ele aceitava numa boa. Fase inevitável que todos nós temos que passar. Com ele, estou revivendo o meu período de adolescente, vendo-o surgir para a vida e para o mundo. É como se ele estivesse alvorecendo para a vida, assim como eu alvoreci na minha adolescência, fim do período de trevas que foi a infância para o período de luz que a adolescência nos oferece como prêmio para quem chegar ao fim dela sobrevivendo ao abandono do corpo e do mundo infantil, e absorvendo a idéia de ser adulto.
Não é fácil a transição, mas é necessária e boa, porque só na adolescência eu despertei para a vida na sua mais ampla significação, foi a minha alvorada como pessoa, não teve pássaros cantando, mas foi um amanhecer bonito para uma fase adulta cheia de esperança. Uma alvorada que vem para todos, assim como o Sol que nasce para todos logo depois do alvorecer.

quarta-feira, 19 de abril de 2006

Eleições 2006.

As eleições de 2006, assim como todas as outras que tivemos até hoje, têm que ser olhadas sempre em um contexto histórico e cultural.
A nossa democracia é incipiente, apesar do ex presidente Collor ter recebido o impeachment e a democracia ter sobrevivido muito bem ao episódio, sempre que se fala em uma crise institucional um pouco mais séria ouvimos alguma voz tétrica lembrar da ditadura e temer a volta dela. Parece que diante de qualquer soluço se pensa nos militares como uma criança que, diante do perigo, corre para a barra da saia da mãe.
Esta crise, grave, envolvendo caixa dois e pagamento de propinas não afetou a instituição democrática de forma tão grave como seria em outros tempos, o que é muito bom, mas ainda não nos faz uma nação madura do ponto de vista da democracia.
Temos que trilhar um bom caminho até consolidar a democracia no nosso país. Para tal, não basta apenas votar e votar, temos que mudar a nossa postura diante dela e a nossa cultura, somos muito esquecidos, permissivos e temos pouca autoridade em relação a nós mesmos. Não lembramos o quanto determinado político é ladrão e corrupto, e insistimos em votar nele quando ele reaparece na cena política com a maior cara-de-pau, não é possível que isso aconteça, precisamos depurar as assembléias, Câmara Federal e Senado, colocar lá políticos que, pelo menos, tenham o país como principal meta e não a si mesmos, precisamos nos responsabilizar mais pela colocação desses políticos em cargos eletivos e, por tabela, em cargos públicos.
Não dá para responsabilizar os outros pela nossa classe política, eles são frutos da sociedade que criamos e vivemos, somos nós que os colocamos lá e nós que os devemos tirar, é muito fácil transferir a responsabilidade ao povo. Mas os políticos são assim, ladrões e corruptos porque a sociedade, de certa forma é, por isso precisamos de mais autoridade, não da autoridade policial, mas aquela autoridade simbólica, de um pai forte em casa que não permite as transgresões do filho e quando ela acontece é punida com energia. A punição ao mau político é a sua não eleição.
Votar é preciso, não dá para se omitir nesta hora e depois passar o mandato todo do cidadão reclamando que ele é incompetente.
Votar na Xuxa é bobagem, é abrir espaço para os ladrões, corruptos e incapazes assumirem um mandato e mandar em nós.
Vamos votar em políticos honestos, eles existem, que olhem para frente e para longe, sem raiva e sem amargura, com a mente serena e desobstruída de sentimentos ruins, com bom senso e visão voltada para o futuro, o nosso e de nossos filhos que, se ainda não nasceram, nascerão um dia e precisarão de um país pelo menos melhor que este que está aí.

domingo, 9 de abril de 2006

Desinspiração.

Minha inspiração sumiu.
Sou sensível ao meu estado de espírito. Se estou mal, com algum problema sério, não escrevo. Se estou bem, ou mesmo com algum incômodo saudável, tenho inspiração para escrever, porém nos últimos dias não estou mal, ou com algum problema importante que tome conta de meus pensamentos, mesmo assim tem me batido uma crise de inspiração. A explicação que encontro é um sentimento de vazio e de calmaria que estou experimentando na minha vida atual.
Gosto de escrever sobre temas para mim vibrantes e inquietantes, mas, nos últimos dias, estou em um período estranhamente calmo. Inquietante calmaria, por isso escrevi.
Eu volto, imediatamente, assim que a vida me der uma sacudida, ou o coração der uma batida mais forte, quem sabe?