segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

A Pracinha Vazia.

Silêncio...
A TV desligada.
Silêncio...
O computador desligado.
Silêncio...
O vídeogame desligado.
Silêncio...
A cama deles vazia, os brinquedos e bonecas guardados.
Meus filhos foram viajar, passarão uma semana fora e essa casa se parece com uma pracinha vazia. Está triste, sem vida, apática e estes sentimentos me contagiam.
Em mais de dez anos esta é a primeira vez que fico em casa sem eles. O mais difícil é de noite quando vejo a cama deles arrumada sem eles dormindo. Um dia será assim, irão namorar ou casarão e ficarei aqui sem eles, serve como um test drive e já estou sentindo agora a saudade que vai me bater no dia que eles saírem definitivamente de casa. Eu procuro prepará-los para serem independentes, terem suas casas, formar suas famílias, gerenciarem as suas vidas e a dos filhos deles, mas esqueci de me preparar para viver sem eles.
Falta tempo para que eles saiam de casa, mas é melhor eu ir me preparando, não custa nada, quero dizer, custa muito: imaginar a minha vida sem eles, a saudade e a solidão que se seguirá.

domingo, 21 de janeiro de 2007

O Lado Escuro Do Sol.(Parte III Do Destino)

É difícil falar sobre os nossos defeitos, primeiro tem que se admitir que os tem, e eu os tenho, com toda certeza, depois vem a etapa de identificá-los que é a mais difícil para mim.
Os meus defeitos não são facilmente visíveis, faço um esforço para que eles não apareçam no dia a dia, mas, vez por outra, aparecem, de surpresa, inconvenientes, subterrâneos e sabotadores.
O meu pior defeito é não saber lidar com a raiva, ela cresce dentro de mim e quando não a suporto mais deixo-a sair com força, cruel, devastadora, injusta e desproporcional. E não é de hoje que tenho esse defeito e não é de hoje que tento mudar meu comportamento para que ele não prejudique mais as pessoas que eu gosto e que estão à minha volta. É uma característica muito infiltrada em mim, não consegui até hoje ser diferente, mas um dia conseguirei, como já consegui mudar minhas atitudes em várias outras áreas.
Queria ser mais maduro, não deixar a raiva crescer e fazer mal a mim e a quem ela é dirigida, quem sabe dosar melhor? Conversar civilizadamente antes da raiva assumir proporções incontroláveis? São tentativas que farei desde já. Por causa desse meu jeito de ser tive problemas no final do ano passado, magoei pessoas que eu gostava, perdi amizades, descobri pseudo amizades, conheci pessoas e fui ajudado por quem eu nunca imaginei que poderia me ajudar. Apesar de alguns ganhos, o saldo foi negativo e por isso quero desde já não mais agir de forma infantil no trato da raiva. Me envergonho de ser assim.
Outro defeito meu é de ser manipulador para conseguir o que eu quero, também não sou assim sempre no meu cotidiano, só às vezes. Não sou mau o suficiente para machucar as pessoas deliberadamente, mas, por vezes, uso métodos não éticos para obter o que eu quero e isso me incomoda, queira eu ou não acabo prejudicando as pessoas com essa forma de proceder.
Tenho dificuldade em cultivar amizades, já não consigo fazer amizades facilmente e as que tenho cuido com pouca responsabilidade, queria dizer a todos os meus amigos o quanto gosto deles, mas nem sempre consigo, e o cúmulo da incoerência: acabo cobrando deles que se portem assim em relação a mim!
Não me valorizo tanto quanto deveria, costumo me ver menos do que sou, não sei se isso é um defeito, mas sei que isso me atrapalha.
Tenho pouca iniciativa, queria ter mais, ser mais dinâmico, não sou parado, apenas queria me mexer mais, ter mais vivacidade.
Uma leve dificuldade para olhar nos olhos, medo de encarar o outro, uma dificuldade que eu consigo controlar bem, quando me dou conta que fujo do olhar eu procuro mirar nos olhos do outro e consigo.
Um outro defeito talvez seja o de não poder reconhecer mais defeitos em mim. Um último defeito, por enquanto: me apaixono facilmente.
Esse post não é definitivo, à medida que vou identificando mais defeitos vou escrevendo novos posts dando seqüência a este.

sábado, 20 de janeiro de 2007

Um Software Para Velórios.

Ontem foi um dia triste, daqueles que eu passei com um choro preso na garganta, foi-se um tio que eu gostava muito, que contava histórias, era alegre, vivia de bom humor, daquelas pessoas que sempre que lembro me faz sentir bem. Agora lembrarei com saudade, nos deixou e eu passei o dia de ontem revivendo os bons momentos que tive com ele, suas histórias alegres e seu espírito prá cima.
No velório pude rever parentes e amigos que há muitos anos não via, alguns há mais de vinte anos. Para uns o tempo parece não passar, para outros passa rápido demais, e tive dificuldade para me lembrar de todos, embora os conhecesse. Preciso de um software de reconhecimento facial embutido em mim daqui para a frente.
Tenho muitos tios e todos idosos, essa é a realidade: lidar com a morte deles e o sentimento de vazio que deixarão.

domingo, 14 de janeiro de 2007

Navegar Impreciso.

Se era para amar, por que não amou?
Se era para ser amigo porque acabou?
Se era para ser porque não foi?
O que será que houve?
O que não houve?
Você me ouve?
A forma não importa
O conteúdo exporta
O desejo que oprime
O gozo que liberta.
Solitário na ilha
Mando uma mensagem
Cujas palavras
Nunca encontram os gestos.
O tempo avisa
A hora acaba
Sigo navegando
Precisando...

sábado, 13 de janeiro de 2007

Mas, Afinal, Quem Sou Eu?

Como toda pessoa eu falo de mim, penso sobre mim e até escrevo sobre mim.
Noto que nos últimos tempos há uma divergência da imagem que faço de mim mesmo e das minhas reações aos estímulos do mundo e da vida, parece que eu não me conheço tão bem quanto eu imaginava, reajo de forma diferente da que eu reagia no passado às situações corriqueiras e isso tem me intrigado, não esperava reações diferentes das que eu previa por achar me conhecer bem.
Eu era uma pessoa mais introspectiva do que sou hoje e, por causa disso, me via de forma mais real do que me vejo hoje porque dedico menos tempo para lançar um olhar sobre eu mesmo. O tempo tem passado, a história tem mudado e eu não tenho acompanhado o meu ritmo. Me desenvolvo, mudo de pensamento e de opinião mais veloz que consigo acompanhar, parece uma coisa louca, mas o cachorro está a cada dia com a boca mais afastada do rabo na tentativa de mordê-lo e isso me angustia porque eu sempre fui muito controlador de mim mesmo e me ver agir de um jeito e pensar sobre mim de outro me dá um nó interno.
Eu preciso fazer um update na forma de me ver, dedicar um pouco mais de tempo para refletir sobre eu mesmo para que não ande em descompasso e recuperar um pouco do auto controle, mesmo que isso acarrete em um desgaste interno. Mas me pergunto: vale a pena ser tão auto controlador? Não seria melhor deixar o barco navegar mais solto?
Preciso fechar um pouco as cortinas do mundo externo e abrir a janela para o meu mundo interno, há paisagens nele que ainda não visitei por falta de tempo...

Desapego.

Eu era uma pessoa muito apegada aos outros e aos objetos. Quando eu me relacionava com eles ia logo me afeiçoando e me ligando de uma forma mais forte que o normal, provavelmente para conseguir a atenção e o carinho dessas pessoas para mascarar a minha insegurança que provinha da minha baixa auto estima. Sem termos técnicos, eu precisava me alimentar da relação afetiva com os outros para me sentir gente, querido e amado. O tempo passou e eu fui me desenvolvendo, tardiamente, confesso. Hoje em dia já não tenho mais tanto apego às pessoas e aos objetos que me fazem mal ou cuja relação não é saudável, como eu tinha no passado. Tenho me desapegado deles e notei que sobrevivo a isso, não sofri como eu previa que sofresse e as outras pessoas não passaram a me odiar por causa do meu desapego a elas como eu pensava que ocorreria. Consigo me distanciar das pessoas e dos objetos com mais facilidade, menos boicotes internos, mas, ainda assim, sou um ser humano como qualquer outro e sinto saudade daqueles ou daquilo que um dia me foi importante e os conservarei para sempre em um lugar sagrado dentro do meu coração.

sábado, 6 de janeiro de 2007

6 De Janeiro de Qualquer Ano.

Hoje é um dia de dupla comemoração.
Um grande amigo está de aniversário, daquelas amizades que atravessam o tempo e os continentes, liguei para ele hoje pela manhã para parabenizá-lo, estava longe, em um estado vizinho em viagem a passeio.
Grande abraço, Macaco.
O outro motivo de comemoração pertence ao terreno escorregadio e volátil da paixão, aquela que surge do nada, que transforma, que enlouquece, que muda a gente e que faz o tempo ser relativo e a nossa vida singela.
Parabéns a nós.