domingo, 27 de janeiro de 2008

Reviver.

Há quatro anos não nos víamos. A conversa fluiu como nos bons tempos, atropelada, nervosa, variando de um assunto ao outro na mesma velocidade da ansiedade de colocá-los em dia.
O tempo que passou não foi suficiente para nos mudar, mas foi para nos amadurecer, fazer-nos ver melhor onde estamos no mundo e as implicâncias disso. O tempo agiu como a oxidação em um metal que, ao mesmo tempo que corrói, expõe o seu interior e o amacia, tornando-o mais flexível. Sem as exigências anteriores diminuiu a necessidade de não errar fazendo aparecer o verdadeiro eu, ou melhor, o verdadeiro nós, com isso a risada surgiu expontânea, ao contrário de antes, quando ficava soterrada pela cobrança e pelo conflito.
Foi bom relembrar o doce odor das flores de cactus e entender que rever, conversar e sentir é reviver.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Respeito.

Temos problemas em nosso país, problemas sociais, econômicos e políticos. A nossa sociedade também tem os seus problemas. As causas são diversas e difíceis de serem identificadas, porém uma delas me chama a atenção a algum tempo: a falta de respeito. É uma sensação difusa que tenho de que as pessoas não respeitam umas às outras e as intituições não respeitam o cidadão de uma forma geral.
É a fila do banco, a faixa de segurança que falta no local de fluxo de pedestres, é a polícia que faz que não vê o crime que todos vêem, a má aplicação do dinheiro público, o motorista que quer ultrapassar o outro de qualquer jeito, os que furam filas, que fraudam os programas sociais e por aí vai.
Nem sempre o desrespeito é explícito, na maioria das vezes ele está disfarçado de falta de recursos, má gestão, se desrespeita porque se é desrespeitado como se um erro justificasse outro e etc. No fundo é falta de educação, desvalorização do outro, uma cultura que temos que nos é nociva e impede de desenvolver, claro que não é só isso que impede o desenvolvimento do país, nem é o motivo principal, mas atrapalha.
País desenvolvido respeita seu cidadão e os cidadãos se respeitam entre si.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Não.

Doeu.
Meus filhos são legais, raramente exigem dos pais uma decisão difícil, são compreensivos, mas semana que passou minha filha quis sair com companhias não recomendáveis. Argumentei, ela bateu pé, argumentei, ela fez beicinho, argumentei, ela fez que não entendeu, argumentei e disse-lhe, não. Ela chorou, doeu meu coração, mas mantive a decisão, havia risco no passeio porque as companhias não eram confiáveis. Felizmente o passeio foi cancelado.
Ser pai inclui essas situações duras. Ainda bem que raras. No futuro talvez seja ela quem me diga não, quando eu quiser caducamente ser um jovem de quinze anos no corpo de um senhor de oitenta. Vai doer. Em nós.