domingo, 16 de março de 2008

A Um Passo do Paraíso.

As pessoas que são próximas a mim seguidamente relatam que dentre meus defeitos um deles se sobressai: sou uma pessoa distante, mesmo para aqueles que me esforço em ser próximo, ainda assim me vêem como alguém distante, inatingível, que esconde parte do seu Eu.
Não gostaria de ser visto desta forma, me vejo diferente, não tão distante como dizem, falo de mim a eles, do que sinto e penso, das minhas aspirações, desejos, memórias e saudades na medida que julgo adequado, provavelmente eu não tenha conseguido falar de mim e do meu íntimo de maneira a me aproximar dos demais e eu esteja me escondendo por detrás das palavras. Será isto?
Faz sentido porque desde pequeno experimento a sensação vaga de solidão até quando estou cercado de pessoas, não que eu seja um solitário, há muitas pessoas à minha volta, mas sinto-me só às vezes.
A situação me incomoda porque tento ser acessível, falar de mim bastante de forma íntima, queria ser mais próximo de quem eu gosto e que gosta de mim e não vejo esse meu esforço de aproximação recompensado com o reconhecimento dos demais.
Essa deve ser uma característica minha que devo aceitar mais do que me rebelar.
Sou distante, mas a um passo de quem eu gosto.

Sem Passar dos Noventa.

Na semana passada fui ao aniversário de uma tia muito querida que completou noventa anos de idade, me imaginei no futuro com essa idade e me senti mal.
Não quero chegar a essa idade, não me entenda mal, não quero morrer, não estou deprimido e nem desesperançoso, só não quero me ver, e que os demais me vejam, declinar física e mentalmente depois de ter vivido como vivi, uma vida boa, alegre, saudável e sobretudo, feliz, muito feliz.
Sinto que a minha passagem pela Terra já pode terminar agora e com um saldo bem positivo, vi meus dois filhos crescerem e não tenho grandes aspirações na vida a não ser tocá-la da melhor forma possível, nunca fui um cara ambicioso e o que vier de bom daqui para a frente será bem vindo.
O que não pôde ser feito ou vivido é porque não precisava, ou eu não desejava ou não deu porque não era para dar.
Gosto de viver, gosto das pessoas, quero viver mais pela vida em si, nem tanto por mim e quando as luzes do palco se apagarem que reste na mente das pessoas boas ou más lembranças de mim. Lembranças, não saudade dilacerante ou raiva mortal.
Quero uma despedida discreta, sensível e delicada. Como a vida.

1+1=2.

A comunicação é um dos problemas nas relações pessoais, dentre outros. As pessoas falam, falam, gesticulam, discutem, mas não dizem o que tem que ser dito: o óbvio, e ele fica subentendido para quem está falando, só que o interlocutor nem sempre subentende, uns nem tem capacidade de entender o que é dito claramente, o que dirá entender o que está no campo escorregadio e dúbio do implícito.
Quem fala pensa que se faz entender, o que escuta não entende ou entende errado, a comunicação falha e surge no espaço criado o mal entendido. Por isso tenho dito o óbvio, sendo repetitivo e redundante se for o caso, para não ser mal entendido e para que a situação seja posta às claras.
Não gosto de ser cobrado pelo que fiz ou deixei de fazer, certo ou errado, por não terem entendido por que fiz e como fiz. É uma postura infantil para evitar erros e viver melhor na maturidade.

O Grande Aprendiz.

Estou orgulhoso e feliz com o meu filho de quinze anos de idade. Nesta semana que passou ele começou no Projeto Menor Aprendiz, para tal confeccionou a Carteira de Trabalho, CPF, abriu conta no banco, recebeu o cartão de débito e o crachá da empresa onde trabalhará, por enquanto serão seis meses de estudo pago no Senac, parece aluno dos Emirados Árabes que recebe para estudar! Depois terá três meses de trabalho na empresa que o indicou para o Projeto.
Tenho orientado ele para que aproveite bem o período que estudará e trabalhará para que inicie bem a sua carreira profissional, afinal, uma vaga nesse Projeto é ambicionada por milhares de jovens da idade dele.
Ele também está feliz, se sentindo adulto e responsável, pelo trabalho, pela grana que ganhará e aprenderá a gerir e usar para adquirir o que quiser.
Não sei se ele será aproveitado pela empresa ao final do Projeto, se não for, ainda assim terá sido uma experiência importante para quebrar o gelo e permitirá uma adaptação mais fácil dele à futuros empregos.