sábado, 29 de novembro de 2008

O Papagaio do Pirata.




O velho pirata tinha como mascote o seu papagaio desde que era inteiro e não tinha um gancho no lugar de uma das mãos e nem uma perna de pau. O papagaio, valente, enfrentou todos os mares no ombro de seu dono e ouviu dele tudo o que ele sabia sobre a vida, o mar e a pilhagem. Em cada situação que o velho pirata se envolvia o papagaio estava ao seu lado, ouvindo e repetindo as velhas e esfarrapadas palavras e frases.
Durante uma batalha feroz, o velho pirata foi atingido por uma explosão e se foi, os marinheiros, sem perceber, passaram a receber ordens do papagaio que havia escapado da explosão voando para o alto do mastro da embarcação e de lá repetia tudo o que o velho pirata dizia em situações iguais aquela, tirando o navio da encrenca que se metera e aniquilando o inimigo.
Batalha terminada, o papagaio virou o capitão da nau, a mais eficiente máquina de pirataria que existiu nos sete mares.

sábado, 22 de novembro de 2008

O Realejo.



Todos os dias ele repetia seu ritual, tinha que passar no parque de diversões, caminhar até o realejo, ouvir a melodia em um volume só, estender o dinheiro ao velho senhor que desde sempre só fazia isso, esperar o periquito pescar com o bico um papelzinho dobrado onde estava escrito a sorte de seu dia.
O dia dependia do que estivesse escrito no papel, não havia chance do dia ser diferente, era o periquito quem dizia se o dia seria alegre, triste, divertido, cansativo, preocupante, dramático ou esperançoso. E não havia o que convencesse ele de que o realejo pudesse errar. A vida e a realidade tentavam mostrar a ele que o futuro era imprevisível, mesmo assim ele dava um jeito de adequar o seu dia ao que dizia a sorte tirada no realejo.
Já havia perdido diversas oportunidades na sua vida por não acreditar que ela fosse guiada pelo destino, perdeu emprego, namorada, amigos e até o velho cão desistiu de acompanhá-lo em suas aventuras diárias.
Ontem ele foi ao parque, como sempre, desde sempre. O realejo não estava mais lá, o seu velho dono morrera e o periquito, sem dono, foi doado à uma criança que seguidamente brincava com o periquito quando visitava o parque.
Pela primeira vez na sua vida ele teve que deixar o destino seguir o seu rumo, suando de nervosismo não conseguiu se mover, parado ficou diante do funcionário do parque que lhe dera a notícia fatal, sentiu o seu coração disparar, lhe faltou o ar, joelhos começaram a tremer, ria e chorava ao mesmo tempo, sentia que ia morrer.
Pela primeira vez na sua vida sentiu o que era viver sem ter controle sobre a sua vida, sem saber o que aconteceria no minuto seguinte, se iria morrer, sobreviver, se teria o que comer ou onde morar, exatamente o que sentimos todos os dias quando acordamos sem um papelzinho ao nosso lado para nos dizer como será o dia e, pela primeira vez, se sentiu só, abandonado.
À própria sorte.

sábado, 15 de novembro de 2008

Quero O Meu Tempo De Volta.

Não gosto de me lamuriar, portanto não entendam esse post como uma lamentação e, sim, uma explicação.
Ando cansado, fisicamente, por causa do trabalho e das caminhadas matinais, quando tenho um tempo livre prefiro não fazer nada, ou ver TV ou ficar na Internet navegando à esmo. Não tenho mais um tempo livre para a minha cabeça maquinar com liberdade, parece que o cansaço me tira a força de pensar e de me concentrar em assuntos legais para postar aqui.
Vou me esforçar para compensar a falta de pique e dedicar um tempo para mim mesmo, para pensar, desenvolver idéias e postá-las aqui.
Um pouquinho de paciência.