domingo, 6 de dezembro de 2009

Política No Futebol.

Quando escrevo o jogo ainda nem começou, mas já está jogado. O Grêmio vai perder para o Flamengo logo mais à tarde.
A combinação de resultados da rodada de hoje do Campeonato Brasileiro pode fazer com que um empate do Grêmio logo mais com o Flamengo torne seu rival de bairro, o Internacional, Campeão Brasileiro de 2009. Nenhum torcedor gremista quer isso, nenhum dos atuais dirigentes que ficar conhecido como "Fulano, aquele que deu o campeonato de 2009 ao Inter". O título é muito importante, não é um campeonatinho qualquer e, mesmo que fosse, isso já seria motivo suficiente para impedir o Inter de conquistá-lo.
O Grêmio fará um jogo político, deixou em Porto Alegre seus principais jogadores, cada um com seu bom motivo para não jogar: lesão, cansaço, desligamento do clube etc.
Ninguém da direção do Grêmio ou de sua comissão técnica dirá aos jogadores: não vençam! O time será escalado e armado para não vencer, sequer empatar. Entrará em campo com uma combinação implícita de não favorecer seu rival. Jogará a não ganhar. A
má campanha fora de casa justificará o resultado ruim.
A rivalidade supera a dignidade, espírito esportivo e qualquer coisa mais.
Flamengo é o Campeão Brasileiro de 2009.

domingo, 15 de novembro de 2009

O Verdadeiro Espelho.




"Money doesn't change men, it merely unmasks them. If a man is naturally selfish or arrogant or greedy, the money brings that out, that's all." Henry Ford.


E fez-se o milagre da multiplicação do dinheiro, de uma hora para outra, do dia para a noite, toda a população mundial se tornou milionária e com acesso permanente à fortuna.
Uns pegaram toda a grana e a esconderam debaixo do maior colchão que encontraram, ou resolveram encomendar à fábrica um colchão gigantesco para servir de esconderijo ao dinheiro. Outros correram gastar, compraram o que viam pela frente sem perguntar o preço.
Teve aquele que realizou sonhos antigos que só cultivava como uma forma de manter-se esperançoso, vivo, oníricamente.
Uma boa parte dos milionários logo cansou da gastação e passou a fazer coisas que não eram comuns. Mais, não eram comuns, nem normais. Maluquices variadas, doideras sem explicação, que não prejudicavam ninguém, senão a si mesmos e, logo, estavam com suas vidas ameaçadas pelos excessos e pela falta de noção de perigo.
Muitos morreram por causa do seu desejo, tanto desejaram que um dia conseguiram, e morreram. Dos excessos.
Manicômios estavam lotados, clínicas para loucos também não tinham mais vagas.
Consumiram tudo o que havia à volta, e consumiram a si mesmos.
Voltaram a vagar pela Terra, como hordas bárbaras, com muito dinheiro no bolso, mas pobres e famintos.

sábado, 24 de outubro de 2009

Previsão de sol e chuva.

Cresci ouvindo a ironia de que se a Meteorologia previa chuva, faria sol, se prevesse sol, choveria. Era uma época bem diferente da atual do ponto de vista tecnológico. Não havia imagens de satélite que esquadrinhavam a atmosfera como hoje, dando muitas informações que até então não se obtinha. Também não havia sido inventado os supercomputadores capazes de rodar programas complexos, cheio de dados e que hoje permitem rodar modelos matemáticos que simulam o comportamento da atmosfera nos dias e semanas seguintes.
É injusto ironizar a Meteorologia, com mais recursos ela dificilmente erra e quando erra não é um erro que se perceba facilmente, não prevê sol e dá temporal, não prevê temporal e faz sol, embora erre, sim, pois é uma previsão, porém a cada dia essa previsão é mais precisa.
O que falta às pessoas é memória para relembrar quantas vezes a previsão acertou e as pouquíssimas que errou.

Meteorologista é como árbitro de futebol, se ele acerta ninguém quer saber quem é e em que instituição trabalha, se erra querem saber seu nome e não esquecem mais dele, esquecem é de parabenizá-lo pelos seus acertos diários.

Para-brisa e Retrovisor.

A nossa vida pode ser comparada a um automóvel cujo motorista somos nós. Dirigimos por onde há caminho, se não há caminho, estrada, rua, não podemos ir por ali. Obedecemos às regras de trânsito, os sinais e convenções, como na vida.
Cheguei a uma etapa cronológica onde, motorista que sou da minha vida, olho para frente pelo para-brisa quase tanto quanto olho para trás pelo espelho retrovisor. A minha vida está equilibrada entre viver o aqui e agora, planejando o que há por vir e relembrar o que passou, revivendo a minha história. Faço isso seja porque a minha história foi bacana, seja porque o presente e o futuro que prevejo não seja tão bom quanto foi o passado. É o passado que me dá sustentação para resistir aos momentos não tão bons do presente, nele me alimento quando preciso de referência para enfrentar o novo e que me assuta. Este é um tema recorrente nesse blog, pois faz parte do meu ser e da minha vivência.
Não tenho ideia até quando este equilíbrio persistirá, e também não sei para que lado penderá se desequilibrar. Está bom assim, não quero viver racionalmente no presente e planejar friamente o futuro, tão pouco quero viver de passado, mas se for preciso engato a ré do meu carro se o futuro me intimidar e não der perspectiva.

domingo, 27 de setembro de 2009

Manoel Luiz Mota Dias.

Faleceu o Maestro Mota. Ele comandou a Banda Marcial do Colégio São João durante décadas. Toquei lá enquanto fui aluno do colégio.
O Maestro foi uma pessoa carismática, pai de muitos que participavam da banda que não tinham um pai presente ou possuíam e era omisso. Lendário, de personalidade forte, influenciou muitos de nós que ainda hoje revivem os bons momentos convividos com ele e os seus ensinamentos, quase sempre transmitidos na forma de uma bronca revestida de carinho paternal.
Foi o maestro que levou a banda ao reconhecimento nacional e duvido que sem ele a banda existisse até hoje transformada em personalidade jurídica em busca da sua auto sustentação.
O legado do maestro transcende a sua função de mestre musical, coordenador.
Ele foi um norte para uma geração cuja bússola convencional quebrou e recebeu de presente uma bússola digital que não sabia operar.
Logo nos encontraremos, maestro, para fazer um "Místico" no jardim celeste.

Ensaio Sobre a Visão.

Nesta semana atendi a um pai, cego, de uns quarenta anos de idade e ao seu filho, estudante, de uns 15 que tinha a visão normal. Foram até o meu trabalho comprar peças para montar uma maquete da escola do filho.
Durante o atendimento, o pai comentou com o filho sobre a maquete:
- Quando eu enxergava, eu lembro que o prédio era assim...
Fazendo um gesto do formato do prédio.
Este "quando eu enxergava" foi dito em um tom mais baixo, constrangido e triste. Me emocionei, coloquei no lugar do pai, que estava comprando todas as peças e decidindo com mais desenvoltura que o filho sobre como fazer a maquete. Ele estava planejando, se esforçando, pagando, e não iria ver o resultado final, só tocaria. Como pai me partiu o coração.
Uma pequena lição para que eu valorize cada instante de saúde, de alegria, de felicidade, de audição e de visão, seja minha, seja sua, seja de quem eu amo.

domingo, 6 de setembro de 2009

Mais Que O Jackson.

Um mendigo, negro, que aparece no meu trabalho de vez em quando foi chamado por alguém, na minha frente, de Michael Jackson.
Ele não pensou muito, na hora respondeu, impávido:
- Não sou Michael Jackson, sou "maisqueo Jackson".
Tá bom.

Descobri.

Não sou escritor nem nunca serei, todos nós sabemos ou temos uma boa ideia para que damos ou não.
Meus textos aqui publicados tem a função de dar vazão à minha inquietude, registrar um pouco da minha vida, aquele pouco bem resolvido que a cada dia cresce por conta da maturidade, mas que nunca tomará conta de mim, embora eu o persiga.
Observando o que escrevi até hoje, aqui, noto que o que escrevi de melhor foi com o coração, o que escrevi apenas com os dedos virou um texto frio, sem graça, monótono, desinteressante, chato. Os que escrevi com emoção tem vida, respiram, incomodam e até se tornam interessantes para quem visita.
Já tinha me dado conta disso há tempo, só agora registrei. Não é novidade. Quem lê, vê filmes, ouve música, consome cultura sabe que o autor só desempenha bem quando tocado pela emoção.
Eu tinha me dado conta disso há tempo, só registrei agora para não parecer que não sabia.

domingo, 23 de agosto de 2009

A Chuva Vermelha.

Foi um longo período de seca, as árvores cresciam com dificuldade, os animais se escondiam, hibernavam, a natureza se desenvolvia com lentidão, por vezes brincalhona, ora chorona, como um nenê que precisava ser cuidado, alimentado e limpo.
A natureza se preparava. Dentro da nuvem foi juntando umidade formando pequenas gotas, que se uniam a gotas maiores. O tempo passou, como se ele escapasse por entre os dedos das mãos.
As árvores cresceram, os animais procuravam seus pares. Gotas maiores se fundiam e cresciam cada vez mais na nuvem até que a chuva começou a cair. Eram gotas diferentes, vermelhas, provocavam risos, choro, alguma preocupação e empurravam os olhos para o futuro.
Dei um abraço, um sorriso e fiquei feliz por ela.
Nesta semana, como se dizia antigamente, minha filha "ficou mocinha".
Linda, como só ela é.

domingo, 16 de agosto de 2009

Treze.

Estou feliz, minha filha completou treze anos de idade. Grande, não dá mais para pegá-la no colo, hoje é ela quem me dá colo quando estou precisando e o colinho dela é o melhor que há no mundo, macio e quentinho.
Fez chapinha, mas eu prefiro os cabelos dela crespos, fica mais bonita e emoldura melhor o rosto.
Os problemas de ter uma filha criança estão mudando para problemas de ter uma filha adolescente, nem tantos problemas assim, poderia ser bem pior considerando a maioria dos adolescentes de hoje.
E tudo isso me deixa muito feliz.

domingo, 2 de agosto de 2009

Alô. Aqui Sou Eu.

Eu não sei porque motivo, mas encontro seguidamente pessoas que não sabem falar ao telefone que parece ser simples, mas não é.
Recebo diversos telefonemas, maioria de adultos. Recebi um há pouco, olha só o diálogo depois que atendi e disse "alô, aqui é o fulano":

Voz feminina adulta:
A fulana está? É que deu um problema aqui... (diabos, quem é essa criatura e onde é o "aqui"? É na Terra, em Marte?)
Minha resposta, já conformado pelo que eu teria que passar:
-Não, a fulana saiu, só volta à tardinha.
Voz feminina adulta:
-Ah, tá! Aqui é a fulana, eu ligo mais tarde.

Ora, porque não disse de cara quem era, já que eu conheço a dona da voz feminina e não a reconheço e nem poderia pelo telefone porque liga raramente? O diálogo fluiria mais rápido e objetivo. Detalhe: essa voz feminina, SEMPRE faz isso quando liga, não se identifica e eu é que tenho que adivinhar quem é. Não é só ela, assim se comporta a maioria das pessoas com quem eu falo ao atender ao telefone.

Outro diálogo que ouço, bem comum.

Alguém ao meu lado pega o telefone, liga, e manda isso, de cara, quando atendem do outro lado:
Pessoa ao meu lado:
-Eu queria falar com a fulana. (Do outro lado da linha perguntam quem é. Óbvio).
Pessoa ao meu lado:
-Aqui é a fulana... (pausa onde a outra pessoa se identifica)... oi fulana(o) tudo bem?

Putz, mas porque diabos não se identificaram de cara evitando o dialogozinho que sempre acontece, já que ninguém fica dando informação pelo telefone sem saber com quem está falando?
E sem falar no "bom dia". Cumprimento sempre quando atendo o telefone na empresa e a metade dos viventes que liga não dá nem pelota para meu cumprimento, saem falando. Não cumprimento esperando resposta, faço esperando educação, o que é diferente.
É brabo errar e não aprender com o erro.
Êta povinho.

O Anjo Azul.

Me programei dia desses para ver um filme antigo, minha preferência, na TV. Quando li a sinopse fiquei meio preocupado, o filme era de 1930, alemão, expressionista - legal! - e tinha Marlene Dietrich como estrela.
Levei medo, pensei em um filme com imagem ruim como nos primeiros filmes de Carlitos, tomadas longas e cansativas, mal iluminado, cheio de falhas. Não foi isso que vi, o filme foi exibido em uma cópia impecável, só o som que era limitado, o que não chegou
a comprometer. Era bem cinematografado, nele percebi as técnicas comuns, hoje, de filmar, Pude ver a história se desenrolar sem que a idade do filme atrapalhasse, foi um daqueles filmes que me fez ficar pensando nele algumas semanas depois de tê-lo visto.
A história é bem interessante, mostra um professor rígido que preocupado com a correção de seus alunos os fiscalizava fora da sala de aula porque descobriu que frequentavam um cabaré. Rápido, o professor conheceu o cabaré a pretexto de pedir que não mais recebessem seus alunos lá. Acabou se envolvendo com Lola interpretada por Marlene Dietrich, a principal atração da casa.
O enredo me fez pensar na relação professor aluno, no ensinamento que transmitimos e no exemplo que damos, associado ou não ao ensinamento, Enfoca questões morais daquele período, a força do desejo que torna a mulher poderosa para certos homens e capazes de conduzí-los à decadência e a perda de seus princípios.
O filme foi uma bela e gostosa surpresa, pelas atuações, mas, sobretudo, pelo enredo rico. Aconselho aos corajosos que estão cansados do cinemão hollywoodiano.




domingo, 19 de julho de 2009

Corpo Mal Assombrado.

Ok, tá certo, entrei na Idade do Condor precocemente, mas desconfio que meu corpo esteja mal assombrado. Há meses ando com dores estranhas que surgem e somem sem qualquer explicação.
A do cotovelo, por exemplo, era uma dor que eu possuía bem naquele ossinho do cotovelo esquerdo e começou com a mania de eu me apoiar nos cotovelos no meu trabalho, a dor era persistente. Faz umas semanas bati mais forte no local e a dor aumentou, uma semana depois começou a diminuir e... sumiu.
A do joelho esquerdo é outra dor "crônica" que eu tenho ou tinha, sei lá. Ela começou com o hábito de me sentar nos próprios calcanhares para pegar algum objeto que estivesse baixo. A dor aumentou e eu deixei de sentar assim. Nunca consegui tocar no ponto da dor, parecia que estava dentro do joelho. Semana passada achei o ponto da dor, ficava na parte de dentro do joelho, quase onde um joelho toca no outro, toquei e massageei o lugar, a dor aumentou e passei um dia bem desconfortável com ela. Agora a dor está diminuindo, vou ver durante a semana com as caminhadas como ela vai se comportar.
Afinal, preciso de um médico ou de um exorcista?

sábado, 11 de julho de 2009

Investigadores de TV.

Todos nós sabemos onde há crime e contravenção em nosso bairro ou cidade, menos as autoridades que deveriam coibi-las. Sabemos onde se vende drogas, se aposta no bicho ou se joga em casas de jogos clandestinas, mas é preciso que haja uma reportagem na imprensa para que os locais sejam "estourados" no linguajar policialesco. Depois de mostrada a matéria a autoridade, patética, brada:
-Precisamos averiguar essas denúncias!
Parecem marido traído. Um ou dois dias depois o crime se restabelece no local e as autoridades, cegas e esquecidas, não mais dão batidas. Isso acontece desde antes de eu nascer, mas desde que nasci me inconformo com atitudes assim, é vergonhoso para as autoridades e não justifica seus salários, a menos que se beneficiem com a manutenção dos locais do crime. Os jornalistas que denunciam merecem uma parte do salários destas autoridades incapazes ou coniventes.

sábado, 13 de junho de 2009

Lentes de Contato.

Possuo quatro graus de miopia em ambos os olhos, até 1993 eu usei lentes de contato gelatinosas, usava-as durante o dia e tinha que tirá-las à noite para dormir. Meus olhos desenvolveram uma alergia ao material daquelas lentes e não pude mais usá-las,. Foram desesseis anos usando óculos, o meu último ficou com o grau das lentes defasado, fui fazer exame na semana passada, preciso usar óculos com lentes multifocais porque não é só a miopia, agora, também tenho dificuldade para enxergar "ao perto", idade essas coisas e tal. O óculos com armação nova - a minha estava desgastada - e com lentes multifocais ficou caro, lentes de contato só para a miopia sairiam mais barato e era desejo meu voltar a usá-las na esperança de que com novos materiais, com mais percentagem de água, não houvesse reação alérgica.
Estou testando um par de lentes de contato há dois dias, até agora nada de reação, os olhos não estão vermelhos e não há indicação de qualquer reação anormal.
As lentes de contato dão uma visão melhor que os óculos, neles um poste fica curvo, diminui o contraste das imagens, o preto não fica tão preto como nas lentes de contato, há aberração cromática que deixa as cores levemente diferentes. Com as lentes esses problemas não existem, visão normal como se eu não tivesse miopia e posso até dormir, estão confortáveis, posso tomar banho e praticar exercícios normalmente.
É estranho acordar e já enxergar tudo em foco, depois de tanto tempo usando óculos, quando os vejo vou direto a eles tentando colocá-los, quando saio do banho os procuro no marco da janela já que eu sempre os lavava no banho, me acostumei às lentes no segundo dia, mas vou demorar um pouco para me desacostumar a usar óculos.
Tomara que meus olhos não encrenquem com as lentes, estou muito feliz em poder usá-las novamente, porque os óculos possuem vários inconvenientes óbvios.
Semana que vem vou de novo à ótica para pegar as lentes definitivas, já que estas duas são só para teste.
E olhos bem abertos de agora em diante.

sábado, 6 de junho de 2009

A Dívida Do Carinho.


Ele precisava de carinho, não aquele que vem na forma de um telefonema ou de um presente inesperado, precisava de carinho na pele, mais que um abraço, pele com pele. Não era sexo, era carinho que se obtém de graça de quem gostamos, mas de quem ele gostava não vinha nada. Resolveu pagar, carinho pago, não sexo, só carinho, pele com pele, achava que era o crime perfeito, ele não estava traindo quem gostava dele, só estava saciando sua necessidade. Que mal haveria em ser acariciado por uma estranha que ele não veria nunca mais?
Fez. Foi bom, mas na hora de pagar nem ele nem a profissional sabia quanto valia um carinho.
Sem entendimento ficou assim: ela não cobrou e ele se foi, sem saberem o valor que o carinho tem
.

Pai Na Moda.

Conversando com a minha filha, eu disse a ela que muito do ela gosta, hoje, é moda e que quando eu era adolescente isso ou aquilo ainda não existia, portanto eu não pude gostar ou deixar de gostar de muito do que é o mundo dela. Ela se espantou com a inexistência de algumas coisas que ela curte quando da minha juventude, expliquei que eu me divertia com outras coisas, não sei se convenci, mas essa cena me fez lembrar exatamente como eu via meus pais anacrônicos quando eu era jovem e não conseguia me imaginar no mundo juvenil deles.
Me tornar pai me fez ver muito, e dentro desse muito vi o que não era dito pelos meus pais, mas que era sentido por mim e eles. Aquele algo que fica no ar em uma relação e que agora eu compreendo, bem que eles poderiam ter me explicado e me poupado tanto tempo para eu descobrir, mas foi melhor assim, se tivessem me dito eu não teria entendido ou acreditado e só sentindo na pele é que se aprende as sutilezas da vida.

Envelhecendo Junto Com O Espelho.

Durante esta semana um colega de trabalho na casa dos trinta anos de idade me fez um comentário:
- Porque todas as mulheres são bonitas, agora?
O "agora" no final da frase não foi em referência a idade atual dele e, sim, ao mundo de hoje. Fiz que não entendi essa nuance do comentário dele e passei a falar com ele sobre a mudança que ocorreu em mim na forma com que eu via a beleza da mulher desde a adolescência até hoje.
Na adolescência o que eu queria era o que todo adolescente homem quer: a mais bela, a mais gostosa, a mais cheirosa, a que se vestia melhor e com roupas mais provocantes. Era o DNA tentando se reproduzir com o material melhor e mais saudável, o que em tese faria com que a raça se mantivesse, melhorasse e se aperfeiçoasse.
O tempo agiu em mim, hoje com quarenta e três anos de idade não fixo meus olhos nas mais belas. Os rostos e corpos femininos não se diferenciam tanto entre as bonitas e as feias de modo radical como antes, hoje há as belas que são padronizadas nas capas de revistas e as belas que estão aí, nas calçadas, nos supermercados, no ambiente de trabalho, cuja beleza me fascina, mas que não é a beleza estereotipada da juventude, da loirice, do corpo perfeito delineado na academia ou na sala de cirurgia.
As mulheres se tornaram belas para mim sem que precisassem mudar nada em si, eu é que mudei, elas só amadureceram. Hoje me chama mais a atenção a mulher de meia idade com a sua natural tranquilidade, consciência de si, do mundo e maior experiência de vida. O corpo não é o da capa de revista, mas e daí? O que um corpo e apenas ele me dá agora? Com certeza dá menos do que eu queria quando adolescente, mas mais do que um jovem precisa, ele dá a certeza de que cada imperfeição impressa nele pelo tempo garante que a brincadeira é mais séria e definitiva do que a brincadeira de adolescente e os mapas que as rugas formam são mapas do tesouro para quem souber lê-las e interpretá-las.
Mulheres não são como vinho, vinho um dia acaba, elas não, elas são eternas.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Bem Feliz.

Tenho encontrado pessoas e elas me perguntado como estou depois da cirurgia, além de agradecer a elas pela preocupação, tenho explicado que estou me sentindo muito bem, mais disposto, mais ágil e mais feliz de uma forma geral.
Eu não tinha noção de quanto a hérnia me tirava a felicidade e inibia meus movimentos, quer pela sua presença, quer pelo constrangimento de tê-la.
Estou me cuidando porque de tão bem que estou corro o risco de esquecer que ainda tenho que ficar dois meses sem fazer esforço físico, o difícil é definir o que é esforço ou não, na dúvida deixo de fazer ou peço a outra pessoa que faça por mim.

Era Uma Vez...

Há um tipo de pessoa interessante, mas cansativa, por mais que a gente fale e explique um assunto ela só ouve o que quer ouvir e não estou falando dos idosos que já não estão com a cuca em dia, são pessoas adultas e saudáveis.
Eu começo um assunto com uma pessoa assim e ela só ouve o início da
conversa, logo depois ela passa a "ouvir" a sua própria imaginação e fantasia, como se ela se ausentasse do mundo real e passasse ao mundo da fantasia usando o meu papo como cenário para encenar o que ela queria ver/ouvir/vivenciar. No final do papo é que eu noto que ela não ouviu, ou ouviu e não entendeu nada do que eu disse, boa parte da compreensão dela ficou prejudicada e foi substituída pelo que ela queria ter ouvido.
Cansa, tenho que repetir a história diversas vezes e pedir para a pessoa confirmar que está entendendo o que eu estou dizendo, para que a conversa não fique parecendo um sonho acordado da outra pessoa.
Entende?

Filmes e Eu.

Eu nunca fui um cinemaníaco, quando criança via filmes na TV por falta do que fazer. Cresci e passei a ter dificuldade em assisti-los na TV. No cinema tudo bem, o cara fica ali confinado e se prende à história, mas em casa na frente da TV eu não resistia e acabava trocando de canal, me faltava paciência e sobrava ansiedade.
De uns anos prá cá, mais paciente e menos ansioso, estou conseguindo me manter diante da TV, mesmo em filmes bem ruinzinhos ou sonolentos e agora estou podendo ver alguns títulos que deixei passar por falta de saco de vê-los na TV.
Em casa eu não posso ver um filme e adorá-lo,
no máximo acho-o interessante ou chato, só a sala de cinema é capaz de me fazer encantar com uma obra e cultuar ou não.

domingo, 5 de abril de 2009

Muito Bem e Obrigado.

Resumo da semana: na segunda retornei ao trabalho, meio turno inicialmente, ainda caminhava mais lento que o normal e sentia o lado direito do abdômen e perna direita "presos". Foi um dia cansativo, mas me saí bem, só um pouco lento.
Na terça tive a última consulta (espero) com a equipe que me operou, fui liberado para retirar os pontos, de imediato os retirei no posto de saúde perto de casa e retornei ao trabalho, meio expediente, de novo.
Não senti diferença sem os pontos, devo fazer curativos por alguns dias por que ficou um pequeno espaço de um ou dois pontos que precisa cicatrizar melhor.
Trabalhei normalmente da quarta em diante até sábado, a cada dia me sentia menos cansado ao final dele e mais "solto" para me movimentar, com a atividade física do trabalho diário senti melhora mais rápida do que quando eu ficava em casa sentado.
Estou me sentido ótimo, melhor que antes da cirurgia, feliz por estar com um corpo normal, com tudo no lugar, sem ter que me privar e passar por constrangimentos por causa do volume visível que era a hérnia.
Eu quero agradecer a todos amigos que se manifestaram e mantiveram contato para saber da minha saúde, agradeço mesmo aqueles que não se manifestaram, pois sei que gostam de mim e se preocupam, mas que por seus motivos se mantiveram distantes, nem sempre é fácil lidar com a doença, seja nossa ou de quem a gente gosta.

domingo, 29 de março de 2009

Paciente.

Estou naquela fase... me sinto bem em casa, confortável, mas entediado. Fico entre o computador e a TV para passar o tempo, vejo o pessoal de casa sair para trabalhar e estudar, só que ainda não me sinto fisicamente preparado para retornar ao trabalho, estou caminhando devagar na rua, em casa caminho normal e me custa ir ao trabalho e voltar. Depois de amanhã tenho consulta com o cirurgião que me operou e verei com ele quando tiro os pontos e quando devo retornar ao trabalho.
Quero retornar logo à minha rotina de caminhadas matinais e trabalho o dia inteiro.
O bom é que estou descansando pelas férias que desde 2006 não tirei.

Hipotensão Pós Raquidiana.

Cheguei do hospital após ter passado a noite lá e cheguei muito bem. Fiz a barba, tomei banho e almoçei. Fiquei vendo TV a tarde toda, foi no outro dia que começou o problema, acordei com uma dor no pescoço que me acompanhou o dia inteiro. No segundo dia em casa piorei, acordei com forte dor no pescoço, acompanhado de mal estar, muito suor e vômitos. Todos os sintomas passavam rapidamente, uns trinta segundos depois que eu me deitava, só permanecia o mal estar. Senti febre e me assustei pensado que dor no pescoço + vômito + febre = meningite. Corri à emergência do hospital e o médico cirurgião que me atendeu diagnosticou "hipotensão pós raquidiana", me recomendou repouso absoluto até melhorar.
Voltei para casa e passei o restante do dia e o outro de cama e mal, não com risco de morte, mas com mal estar e os sintomas acima, eu não conseguia ficar sentado, nem em pé, que os sintomas reapareciam com força. Tomava banho com pressa e no meio dele tinha que interromper e voltar para a cama, me deitar para que os sintomas passassem, até as referições eu fazia deitado na cama.
Fui melhorando lentamente ao passar dos dias, mas tive alguns sintomas meio esquisitos que atribuo também à anestesia. No quinto dia pós cirurgia eu ouvia a todos como se falassem que nem o Darth Vader de Star Wars, com uma voz sintetizada. Eu tinha uma dor no joelho esquerdo, deve ser uma pequena lesão que me acompanha há meses. Sumiu. Até agora não voltou e sei que a lesão permanece, deve ser culpa da anestesia que por dias influenciou meu sistema nervoso.
Agora estou bem, terminando a última caixa de antibiótico, a febre se foi há dias, deve ter sido alguma bactéria no corte, os sintomas da hipotensão pós raquidiana também se foram, felizmente, porque foi um sofrimento!
A cirurgia evolui bem, o corte está cicatrizando normalmente e em alguns dia devo tirar os pontos.

sábado, 21 de março de 2009

Onde Estou?

Estranho. Muito estranho, é assim que estou me sentindo.
É o segundo dia pós operatório e estou com sintomas esquisitos, vamos a eles divididos em clínicos e psicológicos:
Clínicos:
-Dor na nuca. Começou hoje quando acordei, só dói quando estou sentado ou de pé, deitado a dor some.
-Dor no joelho esquerdo. Sumiu. Tenho essa dor há cinco meses quando flexiono o joelho esquerdo. Tenho certeza que é uma lesão, pequena, que ocasiona, ela está lá, mas a dor sumiu. Cadê a dor?
-Entupido. Desde um dia antes da cirurgia que não evacuo. Xixi normal.
Psicológicos:
-Não me sinto eu. Parece que alguém está me comandando, me sinto um robô, faço tudo automaticamente.
-Choro por qualquer coisa.
Acho que fui abduzido durante a cirurgia ou saí da Matrix.
Volto aqui quando me achar.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Cirurgia. (Final)

Operei. Fim da novela. Entre Janeiro e Março desse ano fui sete vezes ao hospital em dias e horários alternados, sempre havia uma cirurgia mais importante que a minha. Não quero saber se há culpados, responsáveis ou irresponsáveis, capazes ou incapazes nisso tudo, queria só operar a minha hérnia. Foram quase quatro anos de espera, perdi tempo, cidadania e dignidade só para ficar nas palavrinhas bonitinhas dos textos moderninhos.
Não temos saúde, não temos SUS e a popularidade do Presidente da República está boa. Esses que dão esta popularidade a ele resolvem seus problemas de saúde onde e como?
Foi um corte feio, feito enviesado ao lado direito da bexiga, by SUS. Não pude perguntar, mas vejo que foram uns onze pontos que, se bem distribuídos eu poderia faturar milhões na Mega Sena.
Os médicos -fui atendido por vários- nunca viram a hérnia, a não ser momentos antes de eu operar, já deitado e anestesiado com uma peridural muito bem feita e sem dor. E se eu estivesse enganado? Se eu não tivesse uma hérnia? Fosse outra coisa? Como eles sairiam dessa?
Bem, o que importa é que estou operado, não sinto dor, a operação foi tranquila e a recuperação está transcorrendo de forma maravilhosa, não há sequer desconforto, logo estarei de volta à ativa em todos os campos, correndo, batendo escanteio, cabeceando e defendendo.
Espero o Dunga se sensibilizar e me chamar pro lugar do Kaká que anda lesionado...

domingo, 15 de março de 2009

Cirurgia. (Parte II)

A coisa está neste pé: fui na semana que passou pela sexta vez ao hospital. Nada de cirurgia, a desculpa é que há cirurgias de emergência que têm preferência sobre a minha que é eletiva, já que consigo viver e sobreviver com a hérnia, mesmo ela diminuindo minha qualidade de vida.
É a opção correta, mas o que eu quero é ser operado.
Vou fazer nova tentativa, a sétima, nesta semana, meio sem esperanças, estou contando com o constrangimento que ocasiono na equipe médica, especialmente na médica que faço contato que já demonstrou estar desconfortável com tantas desmarcações, com ela foi a terceira vez semana passada e a solicitação de cirurgia data de 23/09/2005! De agradável só os belos olhos verdes da médica, um consolo estético.
Mais notícias posto aqui. Com paciência de Jó.

O Misterioso Senhor X.

Ele surge esporadicamente no meu trabalho, se reune com alguém da Diretoria. Às vezes com um, ora com outro, às portas fechadas por breves períodos. Ninguém dos funcionários sabe quem ele é. Não trata de assuntos do trabalho, é algo pessoal.
De vez em quando vem pessoas de fora do serviço conversar com ele, também às portas fechadas.
Quem ele é? O que faz? Nenhum dos colegas de serviço sabe.
Me cumprimenta, às vezes converso com ele trivialidades, é falante, simpático, faz o estilo amigo, mas como ninguém diz quem ele é não sou eu que vou perguntar.
Um esotérico? Astrólogo? Psico sei-lá-o-quê? Conselheiro?
Aguardemos mais evidências de quem se trata o nosso misterioso senhor X. Qualquer indício posto aqui para a solução do mistério.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

A Buzina Encantada.

Um saudoso amigo era um cara mais agitado que seu pai, na adolescência passou a se interessar por carros: de rua, esportivos, Fórmula 1. Seu pai dirigia de forma tranquila e nunca se abalava com a falta de educação e barbeiragens dos outros motoristas. Seu filho -o meu amigo- sim. Cansado da serenidade do pai instalou um segundo botão que acionava a buzina, o escondeu perto de onde ele sentava no carro e acionava a buzina quando julgava necessário, o que seu pai nunca fazia. Em pouco tempo o pai começou a desconfiar e, um dia, comentou no carro:
- Este carro é mal assombrado, está buzinando sozinho!
Não sei como terminou a história, se o pai descobriu, o filho se acusou ou ficou por isso mesmo...

domingo, 25 de janeiro de 2009

Cirurgia. (Parte I)

Desde 2005 que aguardo uma operação de hérnia inguinal pelo SUS. Em 2006 fui chamado para um mutirão em um hospital da cidade para que fosse feita uma avaliação da minha situação e de muitos outros que, como eu, aguardavam cirurgia. Minha operação foi classificada como "Urgente" no documento que o médico que me atendeu preencheu, mesmo assim, até novembro de 2008 eu ainda não havia sido chamado para a cirurgia.
Ainda em novembro passado encontrei um amigo do tempo de adolescência que hoje é médico e atende em um hospital credenciado pelo SUS, pedi a ele que interviesse por mim para tentar antecipar a cirurgia, ele me conseguiu uma consulta com um cirurgião para 02/12/2008, onde me foi solicitado exames de sangue e ECG. Apresentei os exames em 30/12/2008 e, desde então, estou aguardando ser chamado para a cirurgia. Não há uma marcação de data, a cirurgia de nível ambulatorial deverá ser encaixada em um plantão da equipe que consultei, já fui duas vezes ao hospital por convocação da equipe, mas não deu para operar porque havia outra cirurgia urgente sendo executada e não haveria tempo para a minha.
Não reclamo das idas e vindas ao hospital, é bem melhor estar "na boca do túnel" para entrar em campo a qualquer momento que aguardar, como eu aguardava, uma consulta com um cirurgião. O desgastante é me mobilizar e aos familiares, estar em jejum de 12 horas e não operar, mas isso é secundário, estou feliz porque vou operar e melhorar a minha qualidade de vida, a sorte é que a hérnia não dói o tempo todo e não impede que eu leve uma vida quase normal, fazendo exercícios, carregando peso e trabalhando, o desconforto é mínimo.