sábado, 13 de junho de 2009

Lentes de Contato.

Possuo quatro graus de miopia em ambos os olhos, até 1993 eu usei lentes de contato gelatinosas, usava-as durante o dia e tinha que tirá-las à noite para dormir. Meus olhos desenvolveram uma alergia ao material daquelas lentes e não pude mais usá-las,. Foram desesseis anos usando óculos, o meu último ficou com o grau das lentes defasado, fui fazer exame na semana passada, preciso usar óculos com lentes multifocais porque não é só a miopia, agora, também tenho dificuldade para enxergar "ao perto", idade essas coisas e tal. O óculos com armação nova - a minha estava desgastada - e com lentes multifocais ficou caro, lentes de contato só para a miopia sairiam mais barato e era desejo meu voltar a usá-las na esperança de que com novos materiais, com mais percentagem de água, não houvesse reação alérgica.
Estou testando um par de lentes de contato há dois dias, até agora nada de reação, os olhos não estão vermelhos e não há indicação de qualquer reação anormal.
As lentes de contato dão uma visão melhor que os óculos, neles um poste fica curvo, diminui o contraste das imagens, o preto não fica tão preto como nas lentes de contato, há aberração cromática que deixa as cores levemente diferentes. Com as lentes esses problemas não existem, visão normal como se eu não tivesse miopia e posso até dormir, estão confortáveis, posso tomar banho e praticar exercícios normalmente.
É estranho acordar e já enxergar tudo em foco, depois de tanto tempo usando óculos, quando os vejo vou direto a eles tentando colocá-los, quando saio do banho os procuro no marco da janela já que eu sempre os lavava no banho, me acostumei às lentes no segundo dia, mas vou demorar um pouco para me desacostumar a usar óculos.
Tomara que meus olhos não encrenquem com as lentes, estou muito feliz em poder usá-las novamente, porque os óculos possuem vários inconvenientes óbvios.
Semana que vem vou de novo à ótica para pegar as lentes definitivas, já que estas duas são só para teste.
E olhos bem abertos de agora em diante.

sábado, 6 de junho de 2009

A Dívida Do Carinho.


Ele precisava de carinho, não aquele que vem na forma de um telefonema ou de um presente inesperado, precisava de carinho na pele, mais que um abraço, pele com pele. Não era sexo, era carinho que se obtém de graça de quem gostamos, mas de quem ele gostava não vinha nada. Resolveu pagar, carinho pago, não sexo, só carinho, pele com pele, achava que era o crime perfeito, ele não estava traindo quem gostava dele, só estava saciando sua necessidade. Que mal haveria em ser acariciado por uma estranha que ele não veria nunca mais?
Fez. Foi bom, mas na hora de pagar nem ele nem a profissional sabia quanto valia um carinho.
Sem entendimento ficou assim: ela não cobrou e ele se foi, sem saberem o valor que o carinho tem
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Pai Na Moda.

Conversando com a minha filha, eu disse a ela que muito do ela gosta, hoje, é moda e que quando eu era adolescente isso ou aquilo ainda não existia, portanto eu não pude gostar ou deixar de gostar de muito do que é o mundo dela. Ela se espantou com a inexistência de algumas coisas que ela curte quando da minha juventude, expliquei que eu me divertia com outras coisas, não sei se convenci, mas essa cena me fez lembrar exatamente como eu via meus pais anacrônicos quando eu era jovem e não conseguia me imaginar no mundo juvenil deles.
Me tornar pai me fez ver muito, e dentro desse muito vi o que não era dito pelos meus pais, mas que era sentido por mim e eles. Aquele algo que fica no ar em uma relação e que agora eu compreendo, bem que eles poderiam ter me explicado e me poupado tanto tempo para eu descobrir, mas foi melhor assim, se tivessem me dito eu não teria entendido ou acreditado e só sentindo na pele é que se aprende as sutilezas da vida.

Envelhecendo Junto Com O Espelho.

Durante esta semana um colega de trabalho na casa dos trinta anos de idade me fez um comentário:
- Porque todas as mulheres são bonitas, agora?
O "agora" no final da frase não foi em referência a idade atual dele e, sim, ao mundo de hoje. Fiz que não entendi essa nuance do comentário dele e passei a falar com ele sobre a mudança que ocorreu em mim na forma com que eu via a beleza da mulher desde a adolescência até hoje.
Na adolescência o que eu queria era o que todo adolescente homem quer: a mais bela, a mais gostosa, a mais cheirosa, a que se vestia melhor e com roupas mais provocantes. Era o DNA tentando se reproduzir com o material melhor e mais saudável, o que em tese faria com que a raça se mantivesse, melhorasse e se aperfeiçoasse.
O tempo agiu em mim, hoje com quarenta e três anos de idade não fixo meus olhos nas mais belas. Os rostos e corpos femininos não se diferenciam tanto entre as bonitas e as feias de modo radical como antes, hoje há as belas que são padronizadas nas capas de revistas e as belas que estão aí, nas calçadas, nos supermercados, no ambiente de trabalho, cuja beleza me fascina, mas que não é a beleza estereotipada da juventude, da loirice, do corpo perfeito delineado na academia ou na sala de cirurgia.
As mulheres se tornaram belas para mim sem que precisassem mudar nada em si, eu é que mudei, elas só amadureceram. Hoje me chama mais a atenção a mulher de meia idade com a sua natural tranquilidade, consciência de si, do mundo e maior experiência de vida. O corpo não é o da capa de revista, mas e daí? O que um corpo e apenas ele me dá agora? Com certeza dá menos do que eu queria quando adolescente, mas mais do que um jovem precisa, ele dá a certeza de que cada imperfeição impressa nele pelo tempo garante que a brincadeira é mais séria e definitiva do que a brincadeira de adolescente e os mapas que as rugas formam são mapas do tesouro para quem souber lê-las e interpretá-las.
Mulheres não são como vinho, vinho um dia acaba, elas não, elas são eternas.