domingo, 27 de setembro de 2009

Manoel Luiz Mota Dias.

Faleceu o Maestro Mota. Ele comandou a Banda Marcial do Colégio São João durante décadas. Toquei lá enquanto fui aluno do colégio.
O Maestro foi uma pessoa carismática, pai de muitos que participavam da banda que não tinham um pai presente ou possuíam e era omisso. Lendário, de personalidade forte, influenciou muitos de nós que ainda hoje revivem os bons momentos convividos com ele e os seus ensinamentos, quase sempre transmitidos na forma de uma bronca revestida de carinho paternal.
Foi o maestro que levou a banda ao reconhecimento nacional e duvido que sem ele a banda existisse até hoje transformada em personalidade jurídica em busca da sua auto sustentação.
O legado do maestro transcende a sua função de mestre musical, coordenador.
Ele foi um norte para uma geração cuja bússola convencional quebrou e recebeu de presente uma bússola digital que não sabia operar.
Logo nos encontraremos, maestro, para fazer um "Místico" no jardim celeste.

Ensaio Sobre a Visão.

Nesta semana atendi a um pai, cego, de uns quarenta anos de idade e ao seu filho, estudante, de uns 15 que tinha a visão normal. Foram até o meu trabalho comprar peças para montar uma maquete da escola do filho.
Durante o atendimento, o pai comentou com o filho sobre a maquete:
- Quando eu enxergava, eu lembro que o prédio era assim...
Fazendo um gesto do formato do prédio.
Este "quando eu enxergava" foi dito em um tom mais baixo, constrangido e triste. Me emocionei, coloquei no lugar do pai, que estava comprando todas as peças e decidindo com mais desenvoltura que o filho sobre como fazer a maquete. Ele estava planejando, se esforçando, pagando, e não iria ver o resultado final, só tocaria. Como pai me partiu o coração.
Uma pequena lição para que eu valorize cada instante de saúde, de alegria, de felicidade, de audição e de visão, seja minha, seja sua, seja de quem eu amo.

domingo, 6 de setembro de 2009

Mais Que O Jackson.

Um mendigo, negro, que aparece no meu trabalho de vez em quando foi chamado por alguém, na minha frente, de Michael Jackson.
Ele não pensou muito, na hora respondeu, impávido:
- Não sou Michael Jackson, sou "maisqueo Jackson".
Tá bom.

Descobri.

Não sou escritor nem nunca serei, todos nós sabemos ou temos uma boa ideia para que damos ou não.
Meus textos aqui publicados tem a função de dar vazão à minha inquietude, registrar um pouco da minha vida, aquele pouco bem resolvido que a cada dia cresce por conta da maturidade, mas que nunca tomará conta de mim, embora eu o persiga.
Observando o que escrevi até hoje, aqui, noto que o que escrevi de melhor foi com o coração, o que escrevi apenas com os dedos virou um texto frio, sem graça, monótono, desinteressante, chato. Os que escrevi com emoção tem vida, respiram, incomodam e até se tornam interessantes para quem visita.
Já tinha me dado conta disso há tempo, só agora registrei. Não é novidade. Quem lê, vê filmes, ouve música, consome cultura sabe que o autor só desempenha bem quando tocado pela emoção.
Eu tinha me dado conta disso há tempo, só registrei agora para não parecer que não sabia.