Convivo com a culpa desde que nasci, culpa de tudo: do que fiz, do que não fiz, do que poderia ter feito.
Duas culpas se sobressaem na minha memória: como agi durante os últimos tempos de vida do pai e da mãe.
A mãe faleceu de uma enfermidade que durou uns poucos anos, eu não tive que cuidar dela, ficou a cargo do hospital, visitava todos os dias, cuidava da papelada, autorizava exames, cirurgias, ficava ao lado dela, ainda assim sinto-me culpado de não poder ter lhe dito o quanto eu a amava, culpado pelo que não fiz, pelo que poderia ter feito, apesar de ter feito tudo que era possível fazer.
O pai passou seus últimos tempos em casa, faleceu em uma clínica, fiz o que pude, não tentei fazer o que não pude e é disso que me sinto culpado.
Em momentos de lúcidez sei que fiz e dei o meu melhor para eles enquanto vivos. Não resolve: culpado.
A culpa me corrói por dentro, é implacável, sádica e incansável. Piora quando faço algo necessário para mim e que causa dor ou desconforto ao outro. Me tortura se despejo raiva no outro, mesmo que seja uma raiva educada e justa. Surge sempre para boicotar meu prazer e me arremessar em um mundo de trevas, sinistro, de autoflagelação. É tão cruel que me faz sentir culpado por falar e escrever sobre a Culpa. Não é ludibriável, ela consegue prever meus próximos passos e se antecipa a eles.
Não sei de onde vem, é antiga e complexa no meu Eu, mais que a ideologia judaico cristã. Eu a sinto e eu sofro com isso.
Não há jurado ou juiz que me absolva, a sentença é sempre a mesma no meu julgamento: interno culpado.
Duas culpas se sobressaem na minha memória: como agi durante os últimos tempos de vida do pai e da mãe.
A mãe faleceu de uma enfermidade que durou uns poucos anos, eu não tive que cuidar dela, ficou a cargo do hospital, visitava todos os dias, cuidava da papelada, autorizava exames, cirurgias, ficava ao lado dela, ainda assim sinto-me culpado de não poder ter lhe dito o quanto eu a amava, culpado pelo que não fiz, pelo que poderia ter feito, apesar de ter feito tudo que era possível fazer.
O pai passou seus últimos tempos em casa, faleceu em uma clínica, fiz o que pude, não tentei fazer o que não pude e é disso que me sinto culpado.
Em momentos de lúcidez sei que fiz e dei o meu melhor para eles enquanto vivos. Não resolve: culpado.
A culpa me corrói por dentro, é implacável, sádica e incansável. Piora quando faço algo necessário para mim e que causa dor ou desconforto ao outro. Me tortura se despejo raiva no outro, mesmo que seja uma raiva educada e justa. Surge sempre para boicotar meu prazer e me arremessar em um mundo de trevas, sinistro, de autoflagelação. É tão cruel que me faz sentir culpado por falar e escrever sobre a Culpa. Não é ludibriável, ela consegue prever meus próximos passos e se antecipa a eles.
Não sei de onde vem, é antiga e complexa no meu Eu, mais que a ideologia judaico cristã. Eu a sinto e eu sofro com isso.
Não há jurado ou juiz que me absolva, a sentença é sempre a mesma no meu julgamento: interno culpado.