sábado, 15 de janeiro de 2011

O Consertador de Vibrador.

Essa eu vi e ouvi.
Um casal. Ela loira, blusa aberta nas costas, ele vestido com calça jeans e camisa social, ambos aparentando uns quarenta anos de idade.
Foram atendidos por um colega no balcão da loja. Ela estendeu a mão e pediu a ele que consertasse um pequeno suporte com três pilhas palito dentro, coisa rápida, um fio solto, um pingo de solda e resolvido.
O colega terminou o breve serviço e perguntou à loira como poderia testar o suporte recém consertado. Sem cerimônia, ela abriu um misterioso e amedontrador saco preto, retirou um vistoso vibrador cor de rosa com bolinhas cromadas por fora, apontou a "arma" para o colega e disse para ele testar. O colega amarelou, deu um sorriso envergonhado e passou a vez para a loira, ela colocou o suporte com as pilhas na geringonça e ligou, abriu um sorrisão e disse:
-Obaaa, funcionou!
Meu colega teve problemas em casa quando contou o fato,  parece que a esposa não gostou da boa ação, desde então ele é conhecido no bairro como o Consertador de Vibrador, posso dar o aval que poucos conhecem a engenhoca como ele...

O Vendedor de Coisinhas.

Homem anacrônico, do século passado, uns sessenta anos de idade, profissão: vendedor de coisinhas.
Partia todos os dias da sua casa em direção a um bairro distante, mala grande e cheia de bugigangas, de utensílios domésticos a primeiros socorros, barbantes, percevejos, brinquedinhos de criança.
Onde percebia uma aglomeração de gente ou casas habitadas, parava, tocava seu apito, abria a mala grande e espalhava as quinquilharias ao redor.
Um dia uma menina com rosto de menininha se aproximou da mala aberta e perguntou quanto custava uma caixinha pequena que cabia na palma de sua pequena mão, o vendedor disse:
-Esta não tem preço, você a quer?
-Sim, respondeu a menina.
-Toma, é sua, disse o vendedor.
-Quanto custa? Perguntou a menina.
-Nada, essa caixinha eu não vendo, disse o vendedor.
-Porque? Perguntou intrigada a menina.
Então o vendedor abriu um sorriso e disse:
Essa caixinha eu não vendo, eu dou, porque dentro dela está meu coração.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Condensações.


Ela não avisa que aparecerá
Eu a  procuro, 
Mesmo assim.

Não tem forma
E a altera toda a hora.
Me molda.

Poderosa,
Cria e destrói.
Fico pequeno diante dela.

Cria raios,
Os obstrui e os projeta.
Me ilumina e me escurece.

Some para esquentar,
Aparece para esfriar.
Me deixa febril.

Estronda aos clarões 
E me surda.

Frágil,
Dispersa ao vento.
E me leva embora
No meu olhar saudoso
Do que não vi e do que um dia não verei.