domingo, 22 de maio de 2011

O Jogo Dos Sete Erros.




Ele vivia evitando erros, seus erros.
Não imaginava cometendo-os e ficava aterrorizado quando os cometia e alguém os descobria.
Sempre tentava antever e revisar seus passos, organizando o dia, prevendo acontecimentos, escolhendo palavras que não permitissem a ocorrência de um erro ou um mal entendido.
Era preferível que ele permanecesse em cima do muro do que se posicionasse com firmeza, para não ter que correr o risco de, na sua imaginação, errar e, com isso, desagradar seu interlocutor.
Era o primeiro a admitir que errou quando alguém o questionava.
Mal sabia ele que o seu erro não acontecia de vez em quando, como ocorre com qualquer pessoa.
Seu erro, o maior deles, era viver tentando não errar.


domingo, 15 de maio de 2011

Para Ver Se Está Chovendo Basta Olhar Para Baixo.

Para observar o mundo e as pessoas não bastam apenas olhos e ouvidos.
A realidade à nossa volta é muito mais que o mundo material, os sons, cheiros e cores, viver preso só ao que se vê é não ver.
A explicação para quase tudo está naquilo que não vemos e as relações do objeto observado consigo e com o mundo.
Pessoas falam e gesticulam, se expressam de diversas formas, mas o que é dito nas entrelinhas tem muito valor, pois denunciam com mais fidelidade o que elas pensam e sentem.
Conhecer alguém vai muito além de apenas conviver, é perceber pequenas nuances, detalhes, inflexões de voz e, sobretudo, ouvir o silêncio, este fala mais e é mais eloquente que a mais enérgica e incisiva frase dita.
Para saber onde estamos no mundo é preciso observá-lo com mais atenção e método, parecido com o que fazemos para ver se está chovendo ou não, nós não olhamos para as nuvens, acima, de onde vem a chuva, olhamos para baixo, procurando ver as marcas que os pingos da chuva deixam no chão.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Letras & Grãos.

O feijão na casa do Joãozinho não era bom, um dia era amargo, outro azedo, em outro dia não tinha gosto.
Certo dia, na cozinha, Joãozinho, esbarrou no pote de grãos de feijão virando-o e espalhando grãos pela mesa. Morrendo de medo, Joãozinho logo recolocou os feijões no pote, cuidando para que os grãos ruins ficassem de fora, só recolocou os bons, bonitos e saudáveis.
Desde aquele dia, o feijão da casa do Joãozinho se tornou o melhor da região, a vizinhança queria saber qual era o segredo, e Joãozinho explicava que era bom por causa do acidente com o pote.
Quando temos algo importante a ser dito é fundamental que as letras sejam catadas como o feijão do Joãozinho, para que formem palavras com sentido, sabor, nem amargas, nem azedas, palatáveis e deglutíveis, que sejam bem entendidas e não deixem dúvidas, só alimentem curiosidade para se saber de onde vieram e se há mais delas por lá.

domingo, 1 de maio de 2011

Girassóis da Rússia.

Um bom filme não termina quando sobem os créditos, ele permanece na gente enquanto estivermos vivos, é o caso de "Os Girassóis da Rússia" (I Girasoli) de 1969, dirigido por Vittorio de Sica e estrelado por Sophia Loren e Marcello Mastroianni.
O filme conta a história de um casal apaixonado que foi separado pela II Guerra, a narração tem um ritmo perfeito para que possamos entender, absorver e refletir sobre as circunstâncias que envolvem a trama, nela, a vida se impõe com o seu poder absoluto, irrefreável, sobre o mais profundo amor e paixão que duas pessoas possam sentir uma pela outra.
A vida tem uma força infinita que, por mais que tentemos, não podemos fazer frente, é aceitar e nos adapatar a ela.
Vale assistir ao filme, nem que seja para se ter a certeza de que a vida é muito boa para ser vivida e aprendermos a respeitar sua força e vontade.