domingo, 4 de setembro de 2011

Prólogo Do Filme "Anticristo".



A corda imaginária está esticada, Eros oposto a Tánatos.
A água cai, molha os corpos nus. Desejo. A neve cai. Fria.
Enquanto o amor acontece, há dor, tristeza e desespero, multivalências encobertas pela necessidade, desejo e angústia. E não basta o amor penetrar no outro, ele, mesmo assim, permanece, só, com sua maldição.
Enquanto o mundo gira, a roupa gira na máquina de lavar, o relógio gira, a roda gigante gira, amor e morte se constroem, se desenvolvem e acabam, como uma vida recém reproduzida, como o fim de tudo.
Tempo paralisado, congelado em emoções. Um pequeno corpo se movimenta. Quanto tempo demora para alguém se dar conta? E como se conta o tempo? Quando do prazer, o tempo se refugia no nada.
O amor é intolerável e o desejo insaciável, busca uma janela para fugir e satisfazer. A vida é onipotente, nem a dor, a tristeza e o desespero podem com ela. Melhor que a vida é a possibilidade do que há além dela. Sem freios, a felicidade é uma possibilidade tão próxima quanto o ar que respira, tão inalcançável quanto ela mesma.
A neve do chão sobe, o prazer atinge o limite. Fim
A corda imaginária se rompe, nem Eros, nem Tánatos, nem vida, nem morte, só alguém.


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