domingo, 25 de setembro de 2011

A Reencarnação do Bode 2.


Texto revisado e alterado conforme sugestões dos colegas da Oficina de Iniciação à Prosa.




Ele foi contratado para a vaga de estoquista em uma empresa com cinquenta funcionários. Quase sessenta anos de idade, barriga saliente, calvo. No emprego anterior trabalhava sentado em um escritório. Os colegas estranharam a contratação de uma pessoa de idade para estoquista, naquela empresa, a função requeria esforço físico, carregar caixas pesadas, levantá-las e baixá-las no braço. Ele se adaptou com dificuldade ao trabalho pela demanda física. Era solícito e afável, sempre pronto a resolver todos os problemas do trabalho, inclusive aqueles que não eram sua função resolvê-los.
Rápido se tornou vítima de intrigas e era culpado pelo que não havia feito. Afinal, não reclamava de nada, não fazia queixas aos superiores, complacente, acomodado, figura preferida na empresa para receber a culpa por todos os erros do quadro de funcionários.
Houve um erro grande na empresa que levou à demissão dele ao final do período de experiência. Muitos colegas lamentaram, pois era boa pessoa e colega, outros, ficaram aliviados por se livrarem de um estorvo, alguns ficaram preocupados em encontrar um novo responsável pelos seus velhos e reincidentes erros.
Na reunião habitual, uma surpresa, o colega estoquista recém demitido estava presente, vestido de terno e gravata com o mesmo ar sereno e doce que todos estavam acostumados a ver no semblante dele. O Diretor da empresa, logo no início da reunião, acabou com a curiosidade de todos sobre a presença do ex-colega, explicou que ele havia sido readmitido como o chefe do Departamento De Pessoal da empresa, o período de experiência de três meses foi um truque para que o futuro chefe do Pessoal conhecesse a empresa, sua cultura e, principalmente, os funcionários, suas peculiaridades, personalidades, quem era bom, quem era ruim, quem trabalhava, quem fingia trabalhar, quem era a jararaca do setor, o burro, a lesma, a anta e o cavalo.
Aquele dia foi o último na empresa para alguns funcionários, para outros, dia de promoção, para um desafortunado, em especial, o dia que foi colocado, sem saber e sem saberem, no papel do novo bode expiatório da empresa.
No zoológico do trabalho, o melhor é ser o tratador dos animais.

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